Mostra lembra os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
02/05/2018 às 17:37.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:38
 (Divulgação)

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A longevidade de um filme é determinada pela maneira como, após o seu lançamento, ele vai se encaixando em determinados temas e nichos, servindo muitas vezes como documento de época. Neste sentido, é interessante observar como um longa independente – “Corra!”– deixou de ser uma das sensações de 2017 para se tornar um dos trabalhos mais representativos sobre o racismo em nossa época. Ganhadora do Oscar de melhor roteiro original, a produção de Jordan Peele é um dos destaques da mostra “Direitos Humanos: o Mundo por Vir”, com início nesta sexta no Cine Humberto Mauro. Filmes de diversos períodos e origens compõem um grande painel sobre as injustiças sociais, que continuam muito presentes mesmo após a Declaração dos Direitos Humanos completar 70 anos.  Ao todo, serão apresentados 46 filmes, entre curtas e longas, incluindo sessões com recursos de acessibilidade – closed caption, audiodescrição e libras. A seleção percorre um caminho mais reflexivo e de resolução menos adocicada que algumas produções frequentemente dão ao tema. 
Os temas são vários, indo da questão racial – um dos combustíveis do ótimo “Caninos Brancos” (1982), de Samuel Fueller – até chegar a tópicos como a perseguição política, onde os filmes brasileiros ganham destaque. Entre os nacionais selecionados está “Cabra Marcado para Morrer” (1984), de Eduardo Coutinho, documentário sobre lideranças camponesas presas e mortas durante a ditadura. O uso do poder para esmagar e punir determinados grupos também é abordado em longas como “Noite e Neblina” (1955), do francês Alain Resnais, que registra as atrocidades dos campos de concentração nazistas. Já “A Vala” (2010), de Bing Wang, recria as circunstâncias brutais dos campos de trabalho forçado durante o governo chinês liderado por Mao Tse Tung, na década de 60. A pobreza também permeia alguns destacáveis filmes da mostra, como “Terra Sem Pão” (1933), do mestre espanhol Luis Buñuel, que exibe a extrema miséria da Espanha na primeira metade do século passado.  Ainda há espaço para histórias complexas como as de “Delírio e Loucura” (1956), de Nicholas Ray, e “O Homem Elefante” (1980), de David Lynch, que recorrem a dramas pessoais para exibir uma sociedade que ainda está longe de saber se relacionar com o diferente. ServiçoMostra “Direitos Humanos: O Mundo por Vir” – De amanhã até 29 de maio, no Cine Humberto Mauro (Av Afonso Pena, 1537– Centro). Programação em palaciodasartes.com.br

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