Mostra no Cine Humberto Mauro reverencia cinema do mineiro Neville d'Almeida

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
29/09/2016 às 18:06.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:02
 (Divulgação)

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Neville d’Almeida nunca refutou o gosto pelo erotismo, em cenas que até hoje provocam debate na internet – como a sequência de sexo a três, numa piscina, em “Rio Babilônia”. Mas o cinema do realizador mineiro, que se radicou no Rio de Janeiro e participou do movimento marginal nos anos 60 e 70, vai muito além da nudez.

A partir dessa falta de roupa, Neville desnudou um país. Essa é uma das suas facetas que ganharão cartaz a partir de hoje, com a mostra “Neville d’Almeida: Cronista da Beleza e do Caos”, no Cine Humberto Mauro. “Ele soube muito bem se utilizar desse erotismo para fazer uma análise política”, salienta o curador Bruno Hilário.

Bruno usa como exemplo o próprio “Rio Babilônia”, lançado em 1982 sob grande crítica da imprensa. “Neville mostrou nesse filme um lado do Rio que poucos se atreveram, em que toda orgia tem a ver com o retrato de uma classe alta daquela época, feito de forma satírica. A essência do Brasil dos anos 80 está ali”, analisa o curador.

O olhar impiedoso do dramaturgo Nelson Rodrigues teve em Neville um grande aliado, em “A Dama do Lotação” (1978), uma das maiores bilheterias do cinema brasileiro. “Tanto Nelson quanto Neville carregam em seus trabalhos uma crítica à hipocrisia da sociedade muito forte”, destaca. Aspectos que fazem do diretor um nome cult hoje em dia.

Bruno lembra que cenas dos filmes do cineasta povoam redes sociais como o YouTube. “Algo muito diferente da minha época, em que era uma transgressão ver esses filmes. Eram meio proibidos”, recorda Bruno, que lembra ter gravado “Jardim de Guerra” (1968) numa fita VHS, por cima das imagens do aniversário de seu pai.

A mostra, que prosseguirá até 15 de outubro, sempre com entrada franca, exibirá curtas e longas dirigidos por Neville, além de outros que tiveram a participação dele na produção (“O Bandido da Luz Vermelha”) e no elenco (“Areias Escaldantes”, que registra o universo do rock brasileiro da primeira metade da década de 80.

“Com essa mostra temos a noção de sua trajetória completa, rara oportunidade de rediscutir o seu trabalho, que merece ser disponibilizado em DVD, restaurado e remasterizado”, avalia Bruno, que apresentará em película vários filmes, preservados em cinematecas. “Outros, como ‘A Dama do Lotação’, não têm uma cópia assistível, mas ainda não desistimos”.
 

PROGRAMAÇÃO

Hoje

17h CURTAS NEVILLE D’ALMEIDA I Exibição digital | 16 anos | 79’ 

19h HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA ESPECIAL NEVILLE D’ALMEIDA| Jardim de Guerra, de Neville D’Almeida (BRA, 1968) | Exibição 35mm| 18 anos | 100’ | Sessão seguida de debate.

 01/10 SAB

16h Música Para Sempre, de Neville D’Almeida (BRA, 1980) | Exibição em 35mm | 16 anos | 90’

18h Rio Babilônia, de Neville D’Almeida (BRA, 1982) | Exibição em 35mm | 16 anos | 115’

20h A Dama do Lotação, de Neville D’Almeida (BRA, 1978) | 16 anos | 90’

 02/10 DOM

16h Os Sete Gatinhos, de Neville D’Almeida (BRA, 1980) | Exibição em 35mm| 16 anos | 109’

18h O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla (BRA, 1968) | Exibição em 35mm | 16 anos | 92’

20h Mangue Bangue, de Neville D’Almeida (BRA, 1971) | Exibição digital | 16 anos | 80’

 03/10 SEG

17h Encontro Amazônico, de Neville D’Almeida (BRA, 1989) | Exibição digital | 16 anos | 52’

19h Matou a Família e Foi ao Cinema, de Neville D’Almeida (BRA, 1991) | Exibição em 35mm | 16 anos | 86’ | Sessão comentada por Marcelo Miranda

21h15 Navalha na Carne, de Neville D’Almeida (BRA, 1997) | Exibição digital | 16 anos | 105’

 04/10 TER

16h Hoje é dia de Rock!, de Neville D’Almeida (BRA, 1999) | Exibição digital | 16 anos | 54’

17h Areias Escaldantes, de Francisco De Paula (BRA, 1985) | Exibição em 35mm| 14 anos | 80’

19h Maksuara – Crepúsculo dos Deuses, de Neville D’Almeida (BRA, 2005) | Exibição em 35mm| 16 anos | 75’

20h30 A Frente Fria que a Chuva Traz, de Neville D’Almeida (BRA, 2015) | Exibição em DCP | 16 anos | 80’

 05/10 QUA

17h Música Para Sempre, de Neville D’Almeida (BRA, 1980) | Exibição em 35mm | 16 anos | 90’

19h Mangue Bangue, de Neville D’Almeida (BRA, 1971) | Exibição digital | 16 anos | 80’

21h Jardim de Guerra, de Neville D’Almeida (BRA, 1968) | Exibição 35mm| 18 anos | 100’

 06/10 QUI

17h HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA | Fome de Amor, de Nelson Pereira dos Santos (BRA, 1968) | Exibição em 35mm | 16 anos | 73’ Sessão comentada por Geraldo Veloso

19h30 A Dama do Lotação, de Neville D’Almeida (BRA, 1978) | 16 anos | 90’ 21h Os Sete Gatinhos, de Neville D’Almeida (BRA, 1980) | Exibição em 35mm| 16 anos | 109’

 07/10 SEX

16h Rio Babilônia, de Neville D’Almeida (BRA, 1982) | Exibição em 35mm | 16 anos | 115’ | Sessão comentada por Ataídes Braga

19h30 Navalha na Carne, de Neville D’Almeida (BRA, 1997) | Exibição digital | 16 anos | 105’| Sessão seguida de debate com a presença de Neville d’Almeida e do curador Mario Abbade.

 08/10 SAB

16h Matou a Família e Foi ao Cinema, de Neville D’Almeida (BRA, 1991) | Exibição em 35mm | 16 anos | 86’

18h A Frente Fria que a Chuva Traz, de Neville D’Almeida (BRA, 2015) | Exibição em DCP | 16 anos | 80’

20h Encontro Amazônico, de Neville D’Almeida (BRA, 1989) | Exibição digital | 16 anos | 52’

 09/10 DOM

16h Maksuara – Crepúsculo dos Deuses, de Neville D’Almeida (BRA, 2005) | Exibição em 35mm| 16 anos | 75’

18h Sem Essa, Aranha, de Rogério Sganzerla (BRA, 1970) | Exibição digital | 16 anos| 102’

20h Hoje é dia de Rock!, de Neville D’Almeida (BRA, 1999) | Exibição digital | 16 anos | 54’

 10/10 SEG

17h Jardim de Guerra, de Neville D’Almeida (BRA, 1968) | Exibição 35mm| 18 anos | 100’

19h Noite, de Gilberto Loureiro (BRA, 1985) | Exibição em 35mm| 16 anos | 81’

21h Mangue Bangue, de Neville D’Almeida (BRA, 1971) | Exibição digital | 16 anos | 80’

 11/10 TER

17h Música Para Sempre, de Neville D’Almeida (BRA, 1980) | Exibição em 35mm | 16 anos | 90’

19h Os Sete Gatinhos, de Neville D’Almeida (BRA, 1980) | Exibição em 35mm| 16 anos | 109’ | Sessão comentada por Luís Felipe Flores

21h30 Matou a Família e Foi ao Cinema, de Neville D’Almeida (BRA, 1991) | Exibição em 35mm | 16 anos | 86’

 12/10 QUA

17h Navalha na Carne, de Neville D’Almeida (BRA, 1997) | Exibição digital | 16 anos | 105’

19h CURTAS NEVILLE D’ALMEIDA I Exibição digital | 16 anos | 79’ 20h30 Maksuara – Crepúsculo dos Deuses, de Neville D’Almeida (BRA, 2005) | Exibição em 35mm| 16 anos | 75’

 13/10 QUI

16h Hoje é dia de Rock!, de Neville D’Almeida (BRA, 1999) | Exibição digital | 16 anos | 54’

17h HISTÓRIA PERMANENTE DO CINEMA | O Anjo Nasceu, de Júlio Bressane (BRA, 1969) | 90’ | Sessão comentada por Ataídes Braga

19h30 Rio Babilônia, de Neville D’Almeida (BRA, 1982) | Exibição em 35mm | 16 anos | 115’

21h30 Sem Essa, Aranha, de Rogério Sganzerla (BRA, 1970) | Exibição digital | 16 anos| 102’

 14/10 SEX

15h Encontro Amazônico, de Neville D’Almeida (BRA, 1989) | Exibição digital | 16 anos | 52’

17h A Dama do Lotação, de Neville D’Almeida (BRA, 1978) | 16 anos | 90’

19h Areias Escaldantes, de Francisco De Paula (BRA, 1985) | Exibição em 35mm| 14 anos| 80’

21h CURTAS NEVILLE D’ALMEIDA I Exibição digital | 16 anos | 79’

 15/10 SAB

16h Noite, de Gilberto Loureiro (BRA, 1985) | Exibição em 35mm| 16 anos | 81’

18h A Frente Fria que a Chuva Traz, de Neville D’Almeida (BRA, 2015) | Exibição em DCP | 16 anos | 80’

20h O Bandido da Luz Vermelha, de Rogério Sganzerla (BRA, 1968) | Exibição em 35mm| 16 anos | 92’

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