Mostra no Sesc Palladium celebra os 80 anos de Jean-Claude Bernardet

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
16/04/2017 às 12:49.
Atualizado em 15/11/2021 às 14:09

 Crítico de cinema, professor, diretor, roteirista e agora ator. Essas múltiplas fases de Jean-Claude Bernardet, um dos maiores pensadores do cinema brasileiro, estão reunidas na mostra que o Sesc Palladium promove a partir de amanhã, com a exibição de 24 filmes, sessões comentadas, debate e lançamento de livro. Realizada para celebrar os 80 anos de Bernardet, a mostra “Tempos de Cinema” percorrerá cinco décadas de atuação no cinema brasileiro, a partir do roteirista (“Brasília, Contradições de uma Cidade Nova”, “O Caso dos Irmãos Naves”, ambos lançados em 1967) e diretor (“Sobre Anos 60”, “São Paulo – Sinfonia e Cacofonia”). A abertura será amanhã, às 19h, com a apresentação do longa “Fome” (2015), de Cristiano Burlan, que participará da sessão. No filme, ele é o protagonista (vertente que tem se dedicado mais nos últimos anos), um homem de conhecimento sofisticado que resolveu ser mendigo, andando pelas ruas com um carrinho de supermercado. Com Bernardet, Burlan já realizou cinco filmes (“No Vazio da Noite” também está presente na mostra), outra característica do agora ator, que vem estabelecendo parceiras também com o mineiro Kiko Goifman e Taciano Valério). “(Ao convidá-lo) busco antes de tudo uma relação de confiança e afinidade estética e ética”, registra o cineasta. Para ele, Jean-Claude é um performer que dança diante da câmera. “E isso muito me entusiasma. É raro encontrar em um ator tanta disponibilidade para o desconhecido”, ressalta Burlan, que no ainda inédito “Antes do Fim” recrutou o pensador para improvisar sobre questões como razão de vida e eutanásia, ao lado de Helena Ignez. DIVULGAÇÃO / N/A

"Periscópio": parceria com o diretor mineiro Kiko Goifman, atuando ao lado de João MiguelSimbioseBurlan pontua que Bernardet jamais se coloca como crítico ou ex-crítico. “Nossa relação é sempre de ator para diretor. As indagações são comuns, mas devido às formas com que produzo, o ator precisa confiar nas minhas indicações, pois costumo não trabalhar com roteiros, nem fazer ensaios – o que faz com que a nossa relação seja de completa simbiose”. Sobre o filme de abertura, Burlan salienta que a fome do filme, antes de mais nada, é uma fome metafísica. A fotografia em preto e branco representa uma maneira como enxerga a vida. “Acredito que entre o claro e o escuro existe um limbo e nesse lugar onde o pathos humano reside e os germes se proliferam é onde os conflitos são mais verticais”, afirma. O realizador confessa que tem uma relação de amor e ódio com São Paulo, cenário do filme. “Ela me deu e me tirou muito. Isso sempre acaba aparecendo de uma maneira muito presente nos meus filmes, essa contradição que tenho com essa metrópole”. N/A / N/A

Livro será lançado no dia 27, com a presença de BernardetConversa e livroA mostra terá ainda sessões comentadas dos filmes “A Destruição de Bernardet”, dentro do projeto “Cinema em Transe”, e “Periscópio”, ambos assinados por Kiko Goifman. No dia 28, às 19h, também no Palladium, Jean-Claude participará de uma conversa com a professora e realizadora Cláudia Mesquita, aberta ao público. Bernardet acompanhará ainda o lançamento do livro “Bernardet 80– Impacto e Influência no Cinema Brasileiro”, no dia 27, como parte do “Palco Biblioteca”, projeto de literatura do Sesc, às 20h. A publicação é uma produção da Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine), com organização de Ivonete Pinto e Orlando Margarido.

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