Multiartista Zé do Poço percorre 22 quilômetros contra as "desumanidades"

Elemara Duarte - Hoje em Dia
10/04/2015 às 08:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:35
 (CARLOS HENRIQUE/)

(CARLOS HENRIQUE/)

Contra as “desumanidades” e contra a indiferença da mídia com a arte popular. Estas são as justificativas do multiartista José Jacinto Neto, o “Zé do Poço” para o realizar o “Protesto II”, nesta sexta-feira (10) e no domingo (12), no Teatro Espanca!. Na programação, ele sairá da casa dele, no bairro Landi, em Ribeirão das Neves, às 8h, a pé, puxando o carrinho de reciclados com o qual trabalha e vai percorrer cerca de 22 quilômetros até a sede do Teatro, no Centro de BH.

E se chover? “Neste caso, existe guarda-chuva e lona”, avisa destemido à reportagem. Chegando ao teatro, haverá exibição de filme, exposição de trabalhos e leilão de trabalhos de Zé do Poço, mas a preços populares.

“Estou me preparando para a sexta-feira. A previsão é chegar 18h. Vou levar meus DVDs e, se der, levo algum reciclado que achar no caminho”, diz. O trajeto será filmado e deve se transformar em um documentário.

“É um protesto, pois estou muito fora da mídia. Ninguém toca a minha música. Tocam as músicas desses caras, dia e noite, e a gente fica nesta situação”, reclama.

Músico, pintor, videomaker, escritor, ilustrador, catador de materiais reciclados entre outros, Zé do Poço publica clipes e reflexões na internet e fez participações em discos de bandas como Graveola & o Lixo Polifônico.

Em 2013, o artista participou da exposição e do livro “Escavar o Futuro”, junto a mais de 80 artistas mineiros. “Não Tem Coisa Mais Feia do Que Mudança de Pobre Num Caminhão Chevrolet” (1997), clipe feito por ele foi exibido no Palácio das Artes.

O protesto é também “pelo choro da despedida”, pelas misérias humanas, pelos indigentes. “E eu também sou um indigente”, observa o multiartista, que completou 60 anos recentemente.

O trajeto

O trajeto que o artista vai fazer sairá do bairro Landi, em Ribeirão das Neves, passa pela av. Vilarinho, av. Cristiano Machado, bairro Floresta e Teatro Espanca!. No domingo, o artista volta ao teatro para um show com a Banda Sucatas, que sempre o acompanha.

O tecladista e sanfoneiro da Banda, Thiago Gazzinelli, conheceu o artista popular há cerca de três anos. “Quando a gente vai ensaiar, cada música é improviso e isso gera uma gravação, que vira CD e que será vendido no show”.

Gazzinelli é graduando do curso de licenciatura em Música na UFMG e afirma que o surpreende o lado subversivo de Zé do Poço, em um universo que prioriza a “preciosidade musical”. “Quando toco com ele, assumo a condição de aprendiz de um mestre da cultura popular”, explica o músico.

Serviço

Arte no Centro - Temporada 2015 de ocupação do Teatro Espanca! com “Zé do Poço: Mil Profissões e Dezesseis Necessidades” (projeção de filme, exposição e leilão), 10 de abril, às 19h; e Show com Zé do Poço e Banda Sucatas, dia 12 de abril, às 18h. No Teatro Espanca! (rua Aarão Reis, 542, próximo da Praça da Estação, Centro). Ingressos para cada dia: R$ 5.
 

 

 

 

 

 

 

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