Mural de Eduardo Kobra colore rua de Manhattan

Clarissa Carvalhaes - Do Hoje em Dia
19/06/2012 às 23:44.
Atualizado em 21/11/2021 às 22:57

A casa de Eduardo Kobra é o mundo. E é para ele – e todas as suas cidades – que o artista vem propagando um dos movimentos artísticos mais democráticos da atualidade: o Muralismo (arte que mescla cenografia, experimentação e pintura realista sempre feita à céu aberto).

Expoente da neovanguarda das artes plásticas brasileira, Kobra (que já teve seu trabalho exposto no Museu do Louvre, em Paris) acaba de entregar à Manhattan, na região de Chelsea, nos Estados Unidos, o mural “O beijo está no ar” – inspirado na fotografia intitulada “O Beijo” (aquela mesma, do marinheiro e da enfermeira), tirada na Times Square no dia 14 de agosto de 1945, por Alfred Eisenstaedt.

“Ah, Belo Horizonte! Me dê de presente um mural como esse! Eu adoraria fazer um painel para você”, pede, aos risos, o artista em entrevista de Nova York, por telefone. Enquanto os mineiros não recebem o presente, capitais do mundo cedem seus painéis para a arte do paulista.
“O beijo está no ar” faz parte de “Muros da Memória”, projeto criado por ele mesmo, e que resgata, através de pinturas, a história das cidades por onde Kobra e sua trupe passam.

Assim como fez para os norte-americanos, o artista dedica-se a estudar incontáveis lugares: desvenda fatos, cenas e personagens, e guarda suas histórias como um mensageiro de lembranças. “Criamos pinturas que representem a memória da região homenageada”, explica. Uma arte que, certamente, não apenas resgata a memória de um povo, como também transforma a paisagem urbana em que ele vive.

Dessa vez, a região que hospeda a arte de Kobra é conhecida por abrigar algumas das melhores galerias de arte de Nova York. “O lugar respira todas as incontáveis manifestações artísticas. Ficamos extremamente felizes com a proposta para criar um mural ali e mais ainda porque durante todo o processo enquanto trabalhávamos, as pessoas passavam na rua e paravam para fotografar o mural. Uma curiosidade que nos fez um bem imenso”, comenta.

O trabalho foi produzido em duas semanas intensas – diariamente, das 9 às 20 horas. “O muralismo é uma arte pública. Que bom que consegui chegar a lugares como esse. De São Paulo à Grécia. Da França a Londres. Não foi fácil estar aqui e agora olho ao redor e vejo sete artistas trabalhando ao meu lado. Por isso sempre me refiro aos painéis como ‘nosso’. Não estou sozinho nisso”, destaca.

Paralelamente, Kobra realiza exposições dentro e fora do Brasil, além de pesquisas com materiais reciclados e com novas tecnologias como a pintura em 3D sobre pavimentos. “Não cobramos para criar murais. Se recebemos um convite e ganhamos um bom espaço, vamos lá! Não vamos ficar de braços cruzados esperando patrocínio. Não devemos esperar”.

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