Museus de BH falham na recepção aos visitantes

César Augusto Alves e Vanessa Perroni
almanaque@hojeemdia.com.br
15/04/2016 às 20:17.
Atualizado em 16/11/2021 às 02:58

“A exposição começa por aqui, e termina por ali”. Esse é o discurso que, usualmente, os visitantes de mostras e exposições esperam ao entrar em um museu. No entanto, esse atendimento não é padronizado nas instituições de Belo Horizonte.

Para traçar um panorama dos museus da capital, o Hoje em Dia visitou alguns deles, como o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB-BH), a Casa Fiat de Cultura, o Museu das Minas e Metais, o Memorial Minas Gerais Vale e o Espaço UFMG do Conhecimento, todos no Circuito Cultural Praça da Liberdade. 

Sob a administração da Fundação Municipal de Cultura (FMC), estão no levantamento os museus Mineiro e o Histórico Abílio Barreto. E, ainda, o Inimá de Paula, administrado pela fundação homônima.

Metodologia
As avaliações simularam visitas espontâneas, que ocorrem quando o visitante chega interessado pelo que o museu oferece ou por alguma exposição específica, e não em grupos ou visitas agendadas. 

Foram considerados o primeiro atendimento, material explicativo, apresentação do local, indicação e exposição de atrações, e presença de pessoal nas galerias. 

Dificilmente os visitantes sairão satisfeitos se o objetivo for conseguir informações detalhadas a partir da proatividade dos funcionários que os recepcionam. Em muitos casos, é fácil preciosas atrações passarem despercebidas.

Às moscas
Foi constante encontrar galerias vazias, sem qualquer pessoa na segurança ou monitoria da visita. Em casos extremos, foram flagrados seguranças cochilando, monitores focados nos próprios celulares, e galerias sem recepcionistas.

No Museu Mineiro, não havia outro membro para dar informação a não ser o funcionário da portaria. No Abílio Barreto, em duas visitas, não foram encontrados mediadores para visitantes espontâneos. 

Nos outros espaços visitados, há a figura do monitor e recepções bem equipadas, mas em muitos momentos este pessoal estava disperso e não se direcionou até o visitante. 

Um exemplo foi o ocorrido no Espaço do Conhecimento UFMG. Do primeiro ao quinto andares, não houve abordagem. Fotos em exposição estavam sem as referidas legendas. Foi preciso ir ao funcionário, que estava sentado ao lado da entrada do Planetário, para questionar o que eram as imagens.Lucas Prates / Hoje em Dia 

Abílio Barreto – Visitante tem que se guiar sozinho pelo museu

 Educativo
Vale frisar que os exemplos citados se referem apenas ao acolhimento e à atenção com o visitante espontâneo. No que se refere aos programas educativos, o desempenho beira a excelência, com agendas concorridas pela alta procura. Os projetos para garantir acessibilidade e a inclusão de públicos com as mais diversas necessidades também chamam atenção pela qualidade do serviço prestado.

O Circuito Cultural da Praça da Liberdade, por exemplo, atua em diferentes frentes para ampliar a acessibilidade nos espaços. Uma prova é o seminário que será realizado em junho, com o intuito de qualificar os profissionais que atuam ali e apresentar boas práticas desenvolvidas Brasil afora.Lucas Prates / Divulgação 

Casa Fiat de Cultura – Visita guiada faz sucesso entre diferentes públicos

 Museus buscam treinamento de pessoal para corrigir erros

O Museu Abílio Barreto alegou problemas no quadro de funcionários, e justificou que a curadoria das exposições são pensadas para visitas autônomas. 

Já o Museu Inimá de Paula, por meio de nota, informou que o setor responsável foi alertado do que aponta a reportagem, e tomará medidas cabíveis, incluindo a abertura de um processo de reciclagem da equipe. Ressaltou que todos os profissionais passam por treinamento para interagir com o público.

 Treinamento permanente
O CCBB-BH relatou que há um treinamento de seus profissionais na contratação e também a cada três meses, de acordo com as novas exposições. 

Além do treinamento contínuo, a Casa Fiat de Cultura contrata somente profissionais graduados, visando formar uma equipe multidisciplinar.

O Museu Minas Vale afirmou que há um amplo programa de treinamento e formação dos monitores, como estudos temáticos e participação em cursos e seminários.

O Museu das Minas e do Metal informou que existe um programa de treinamento do setor Educativo. A visita é livre e os monitores ficam posicionados em pontos estratégicos do espaço expositivo para responder às dúvidas. 

 Só por demanda
O Espaço do Conhecimento UFMG respondeu que os monitores são orientados a receber o público espontâneo informando que estão à disposição para mediar toda a visita. E que o núcleo conta com três supervisores que acompanham diariamente o trabalho. O Museu Mineiro lamentou o ocorrido e informou que está com uma deficiência no quadro de funcionários. Há vagas não preenchidas. Agradeceram o retorno e irão avaliar o caso.

 

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