Não dá mais para separar a música da imagem

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
14/12/2014 às 10:12.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:22
 (Luisa Gontijo/Divulgação)

(Luisa Gontijo/Divulgação)

Foi-se o tempo em que um músico se preocupava primeiro em gravar o disco e lançá-lo no mercado, para somente depois pensar nas estratégias de divulgação nos meios audiovisuais – o Youtube, em especial. Hoje, para se destacar, é fundamental compreender que a imagem é tão importante quanto o produto musical e o planejamento sobre vídeos deve ser pensado com o máximo de cuidado.    Em Belo Horizonte, Persiano, integrante da banda Vitrolas, já desenvolveu uma criação solo pensando no universo audiovisual. Desde novembro, ele vem disponibilizando, a cada sete dias, vídeos que formam a série “Art la Vista”. Com oito trabalhos, a intenção do moço é misturar as linguagens musical e cinematográfica.   “Teoricamente seria trabalhoso, mas, nesse caso, eles foram sendo construídos juntos, um influenciando o outro e, só depois de terminado os dois (vídeo e música), eu dava início ao próximo. Foi um processo diferente e não complicado”, diz Persiano, que fez todo o trabalho em casa, com seu computador. “Tive a liberdade de trabalhar um conceito do início ao fim, conceito esse que foi sendo descoberto aos poucos, a cada vídeo/música que ia terminando”.    Mais atrativo Quem também soube pensar bem sobre o universo audiovisual foi o paulista Thiago Pethit, que disponibilizou seu terceiro álbum “Rock’n’Roll Sugar Darling” integralmente no Youtube – cada uma das dez músicas com um vídeo diferente, e todos criados a partir de uma mesma sessão de gravação. Segundo ele, a estratégia é importante para atrair mais espectadores e enriquecer a compreensão do trabalho.    “Antes de tudo, o Youtube é um site de vídeos. O público o utiliza muito para streaming das canções, mas ele é um site feito para vídeos. Portanto, de antemão, minha primeira ideia foi tentar tornar o streaming mais atrativo e aproveitar para construir mais pontes entre o imaginário sonoro e visual do álbum”, afirma Pethit.   A história do rock mostra bem a ele como imagem e música estão estreitamente relacionadas – David Bowie é o maior exemplo disso. “Acredito que o rock’n’roll seja algo muito maior do que apenas um gênero musical. Ele é uma linguagem estética que significa e engloba outras, sobretudo comportamentais”, afirma Pethit, que contou com os destacados Kassin e Adriano Cintra (ex-CSS) na produção.    “Eu quero afetar as pessoas em seus cotidianos, não apenas na sonoridade. Quero incentivá-las a ter certas atitudes perante a vida, certas crenças, abrir essas possibilidade de mexer num padrão comportamental que nos é estabelecido. E pra mim, rock é isso: som, imagem e atitude”.   Potência Na capital mineira, Nobat também se destaca por valorizar a produção audiovisual. Enquanto seu segundo álbum (“O Novato”, previsto para maio de 2015) não sai, as músicas já vão sendo divulgadas por meio de vídeos bem elaborados. Lançado há seis meses, o clipe de “LSD” permitiu que o músico ultrapassasse as Alterosas e fosse citado nos principais sites de música – inclusive, na Rolling Stone brasileira.    “Acredito que o audiovisual tem uma potência inquestionável, especialmente quando consideradas as novas gerações que têm pela imagem não somente um vício, mas uma noção completa e íntima de realidade”, afirma Nobat. “No meu trabalho, o audiovisual tem recebido boa parte da concentração dos meus desejos artísticos, tal qual a música”.

Compartilhar
Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.© Copyright 2024Todos os direitos reservados.
Distribuído por
Publicado no
Desenvolvido por