Na reta final, 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes ainda tem várias atividades gratuitas

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
31/01/2014 às 06:31.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:42
 (Nereu JR/Universo Produção/Divulgação)

(Nereu JR/Universo Produção/Divulgação)

TIRADENTES – O cinema pode ser independente, sem muitas chances de concorrer com os filmes comerciais, mas a Mostra de Cinema de Tiradentes é um campeão de audiência há 17 edições. Prova disso é o número de turistas e cinéfilos que lotam a pequena e simpática cidade histórica mineira durante a realização do festival.

A previsão é de que hoje o município do Campo das Vertentes, localizado a 190 quilômetros de Belo Horizonte, seja novamente invadido por aqueles que querem aproveitar o final de semana para acompanhar os últimos dois dias de programação. Opções não faltarão: são sete longas-metragens, três médias, 28 curtas e sete seminários, todos com entrada franca.

Entre os filmes, os destaques são dois trabalhos mineiros: “O Homem das Multidões”, de Cao Guimarães e Marcelo Gomes, e “Aliança”, do trio Gabriel Martins, João Toledo e Leonardo Amaral. O último é inédito e concorre na Mostra Aurora, dedicada a diretores iniciantes, com grandes chances de faturar o troféu Barroco, que será anunciado neste sábado (1º).

O público pode escolher entre assistir as sessões numa bonita tenda armada no Largo da Rodoviária, com capacidade para 700 espectadores e ar condicionado, onde também ocorrem, do lado de fora, vários shows durante a semana; ou curtir a noite e o casario de Tiradentes na praça do Largo das Forras. Desde a abertura, no dia 24, ainda não choveu na cidade.

Outro espaço é o Cine -Teatro Sesi, reservado a produções experimentais e palco principal de seminários e debates. Os filmes exibidos na noite anterior são amplamente discutidos por críticos de vários veículos e realizadores. O Hoje em Dia participa, nesta sexta-feira (31), da mesa sobre “Exilados do Vulcão”, vencedor do Festival de Brasília de 2013, e neste sábado (1º), de “O Homem das Multidões”.

Na agenda de shows, a atração é a apresentação de Érika Machado, que antecipará, neste sábado (1º), a partir das 13h, algumas músicas de seu próximo CD, com repertório infantil, além de dividir o palco do Cine Praça com Fernanda Takai, vocalista do grupo Pato Fu. Para animar o final das exibições, à noite, a programação terá a banda Graveola e o Lixo Polifônico (nesta sexta-feira (31)) e o pianista Túlio Mourão (neste sábado (1º)).

Em ‘Aliança’, quase tudo se passa no trânsito de BH

É a primeira exibição pública de “Aliança”, mas entre os diretores do longa-metragem, que fecha nesta sexta-feira (31) a programação competitiva da 17ª Mostra de Cinema de Tiradentes, a sensação é semelhante a de um daqueles encontros da turma de formatura.

“É como um filme de despedida, que marca o encerramento de um projeto de criação em comum. Após as filmagens, no início de 2012, seguimos caminhos diferentes, pensando em nossos projetos pessoais”, observa João Toledo, que assina a direção ao lado de Gabriel Martins e Leonardo Amaral.

O trio se conheceu na Escola Livre de Cinema e logo depois passou a assinar críticas no site Filmes Polvo, espaço de discussão que ajudou a alimentar o desejo de pôr em práticas as suas ideias sobre cinema, resultando assim em vários filmes realizados de forma independente.

Pensado como uma homenagem não só à essa forte amizade, mas também a todos os que participaram da trajetória do trio, “Aliança” representa o fim de um ciclo vitorioso. “O filme virou o encontro de tudo o que tínhamos em comum, do que a gente via, conversava e escrevia”, destaca Toledo.

Se engana, porém, quem pensa que os personagens que Martins, Amaral e Toledo interpretam no filme têm alguma relação com a vida real. Embora também sejam amigos na trama, as situações se aproximam mais do desejo de evidenciar as referências cômicas do grupo.

“Meu personagem, o Panda, é diferente do que sou: usa gravata, brinca e vive como playboy. O figurino condicionou a nossa atuação, criando uma linguagem para o corpo”, destaca Martins. Amaral e Toledo interpretam dois amigos que têm a ingrata tarefa de avisá-lo sobre as “puladas de cerca” da futura noiva.

Grande parte da narrativa se passa dentro de um carro, no pesado trânsito da capital mineira. “Não deixa também de ser uma homenagem a BH, mas não desprovida de crítica, questionando o caótico espaço urbano de hoje”, assinala Toledo.

“Aliança” não contou com nenhuma verba que não tivesse saído do bolso dos realizadores. “Tínhamos certa urgência. Edital é um processo longo e possivelmente a ideia acabaria morrendo. Já avisei que, depois do parto, que foi produzi-lo, com muita briga e stress, uma parte dois só com estrutura e grana”, registra Martins. 

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