Na rima certa: rap mineiro é destaque da música em 2019, dizem especialistas

Cinthya Oliveira
cioliveira@hojeemdia.com.br
30/12/2019 às 19:41.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:08
 (Divulgação)

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O sertanejo continua sendo o estilo mais tocado em rádios e escolhido nas plataformas de streaming, mas a música brasileira vai muito além de Marília Mendonça e “Lençol Dobrado”. Teve muita coisa bacana lançada em 2019 que passou despercebida por boa parte do público. Para mostrar que o ano foi frutífero muito além da sofrência, o Hoje em Dia perguntou para especialistas quais foram os principais destaques no mundo da música no ano que chega ao fim. Divulgação 

Djonga lançou o elogiado álbum "Ladrão" em 2019

Todos fizeram questão de frisar que a cena do rap de Belo Horizonte está saindo das Alterosas e ganhando espaço em palcos variados Brasil afora. “Isso é fruto do que tem sido feito no Duelo de MC’s e nas batalhas de rimas realizadas na periferia. O destaque é de um grupo que foi alcançando massas, saindo do gueto”, afirmou Terence Machado, apresentador do programa Alto Falante, da Rede Minas, lembrando o sucesso da dupla belo-horizontina Hot & Oreia, fenômeno na internet com um estilo bem-humorado.

Produtor de diversos programas na Rádio Inconfidência, Flávio Henrique Silveira cita Djonga como o grande destaque deste ano. “O artista lançou outro álbum que figura em várias listas de melhores discos da temporada de jornais e sites. Além disso, tem participado de festivais nacionais e já faz parte da prateleira de cima do rap nacional, dividindo palco com ídolos como Mano Brown”, diz o jornalista. 

Autor do site Meio Desligado, dedicado a música independente brasileira, Marcelo Santiago coloca o disco “Padrim”, do rapper mineiro FBC, como um dos melhores do ano. A tendência, segundo ele, é vermos uma cena musical cada vez mais consolidada na cidade. “Djonga, Sidoka e FBC já são fortes no rap nacional e outros estão começando bem, como o Samora N’zinga, Delatorvi e o Vhoor, um DJ novinho que também lançou um EP ótimo no início de 2019”, conta.

Moons e Rosa Neon também ganharam elogios em 2019

Mas o rap não é o único estilo em Belo Horizonte que conseguiu romper as fronteiras do Estado. As bandas Rosa Neon e Moons também conquistaram público e elogios entre os fãs do pop e do rock. Sarah Leal/ Divulgação 

ROSA NEON - Banda mineira conquistou fãs com clipes bem realizados


Apostando no lançamento periódico de videoclipes, até a apresentação do disco completo, em setembro, o Rosa Neon conseguiu um bom destaque, com direito a uma bem-sucedida turnê pelo país.

“Assumidamente pop e sem medo de ser feliz, com uma vibe solar que tem inspirações kitsch e tropicalista, o Rosa Neon fez uma turnê no final deste ano e provou que seu grande público não fica confinado apenas nas redes sociais”, afirmou Flávio Henrique Silveira.

Projeto de artistas de BH que já se destacaram em outras bandas, o Moons lançou “Dreaming Fully Awake”, perfeito para quem gosta de um rock leve, puxado para o folk. 

“Achei o trabalho do Moons lindíssimo. É uma banda pronta para tocar em qualquer palco do mundo”, afirmou Terence Machado, relembrando que um dos integrantes do grupo, Bernardo Bauer, também colocou no mercado um ótimo disco solo – “Pássaro Cão”. 

“Fractal”, de Nath Rodrigues, “Quintais”, de Iconili, e “Tenho Saudade Mas Já Passou”, de Luíza Brina, são outros destaques da cena local, segundo Flávio Henrique. 

Outros estados

Há muita coisa boa sendo produzida no país. Para Flávio Henrique, talvez o melhor álbum do ano seja “Coruja Muda”, do pernambucano Siba. “É um álbum fortemente politizado, mas nunca soa panfletário”, explicou.

O jornalista destaca ainda como melhores álbuns do ano “Abaixo de Zero”, de Black Alien, “AmarElo”, de Emicida, “Macro”, de Pedro Luís, “Quando Deixamos Nossos Beijos na Esquina”, de Vanessa da Mata.

Internacional

No campo internacional, Terence Machado garante que o rock está longe de morrer e há muita coisa boa sendo produzida nesse estilo que ainda movimenta a indústria da música mundo afora. Para o apresentador do “Alto Falante”, a grande surpresa do ano foi “Who”, o primeiro disco lançado pelo The Who em 13 anos. “Várias pessoas falaram que este é o melhor trabalho da banda desde os anos 70. Eles retomaram o vigor, com composições muito boas”, diz.

Terence destaca ainda o disco “Feral Roots”, da banda Rival Sons – possivelmente o melhor nome do hard rock no mundo hoje, de acordo com o jornalista –, e “This Land”, de Gary Clark Jr. “Este é um disco com uma pegada mais moderna, com acento eletrônico. E o grande destaque é a faixa título, que inspirou o melhor videoclipe do ano, tratando do racismo nos Estados Unidos”, explica o apresentador. 

Entre os artistas novatos, os principais destaques do ano foram Steve Lacy (ex- The Internet) e Billie Eilish, de acordo com Terence. Já quando o assunto é o universo pop do mainstream, para ele a melhor produção acontece hoje na Coreia do Sul, graças às bandas de K Pop que estão ganhando fãs por todo o mundo. 

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