Na Virada Cultural de BH, o som vai de bike

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
12/09/2015 às 07:38.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:43
 (Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

(Ricardo Bastos/Hoje em Dia)

A terceira edição da “Virada Cultural de BH” será a oportunidade para o DJ Luiz Valente colocar em prática, finalmente, um projeto que vem desenvolvendo há quatro anos. O Auto Sound System é um carrinho que carrega duas pick-ups e caixas de som que terão energia motriz alimentada por pedaladas – de qualquer bicicleta, vale dizer.

Ou seja, um sistema de som itinerante que demanda uma energia superlimpa. E para ficar ainda mais caprichado, o projeto ganhou placas solares, que funcionam, ao mesmo tempo, como captadores de energia solar e como cobertura para as pick-ups enquanto o DJ está tocando. “Vamos compreender bem a dinâmica do sistema durante o processo”, diz Luiz Valente, que usou um alternador de carro para captar a energia gerada pelo movimento da bicicleta.

Além do sistema criado para tocar música, o projeto vai contar com duas “food bikes” – ou “biciRangos”, como o DJ prefere chamar. São sistemas em que pedaladas vão gerar energia para fazer funcionar um liquidificador (usado para fazer sucos) e um moedor de café (para a bebida que será coada na hora).

Itinerário

Às 4h20 desse sábado (12), acontece a concentração do Bloco da Bicicletinha (uma espécie de cordão carnavalesco formado por ciclistas) e seus integrantes vão puxar essas novas criações. O grupo vai descer rumo ao Centro, para abrir a programação cultural do Sesc Palladium, às 18h. Quem quiser participar com dez minutos de pedaladas vai ganhar uma ficha para ser trocada por água, refrigerante ou cerveja.

Às 19h, o bloco segue para o Viaduto Santa Tereza, onde faz as estreias das “biciRangos”. O fim da jornada vai ser no BH Bike Polo, montado na Praça da Estação. Para participar do percurso, basta levar a sua bicicleta.

Transporte

Um sound system que funciona com energia criada a partir de pedaladas não é novidade – há, inclusive, tutoriais na internet explicando como fazer o seu próprio sistema. O que Valente tem buscado com suas experimentações é a mobilidade, compreender a bicicleta não apenas como fonte de energia limpa como também como o transporte para o sistema.

“Há outros exemplos em que o sistema fica dentro de um caixotão, que acaba sendo transportado de carro. Quis desenvolver algo que pudesse ser levado de bicicleta, sem qualquer emissão de poluente. E se quiser levar para outra cidade, o carrinho vira um case e o transporte pode ser feito de ônibus”, conta.

Toda a parte de som e geração de energia foi desenvolvida especialmente para o projeto, contando com importantes parceiros: o “gambiólogo” Lucas Mafra e o coordenador de eventos André Viana Silva.

Jamaica

Formado há cerca de três anos, o Bloco da Bicicletinha tem encontros mensais e temáticos. Dessa vez, o tema é “Jamaica”, uma homenagem aos primeiros sound systems que surgiram na ilha caribenha nos anos 50. A curadoria das músicas será dos integrantes do Rood Boss Sound System, um projeto que leva música jamaicana para os mais diferentes espaços públicos, sempre com discos de vinil.

Praça da estação será ponto de encontro para cem bateristas


Nome à frente do 1º Encontro de 100 Baterias de Minas Gerais, Dinho Santos tem uma escola de música (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois que o Sepultura deixar o palco da Praça da Estação, a grande praça vai viver momentos de tranquilidade. Mas durante toda a madrugada, quem passar por lá poderá ver pessoas carregando partes de baterias. Isso porque, às 8h da manhã de domingo, a programação do espaço será retomada com um grande encontro de bateristas que promete acordar os belo-horizontinos para que continuem desfrutando as centenas de atrações espalhadas pelo hipercentro.

Segundo o professor e músico Dinho Santos, o 1º Encontro de 100 Baterias de Minas Gerais é, na verdade, o desdobramento de um projeto iniciado em 2007, quando ele e outros nove bateristas ocuparam a Praça Sete. Era noite, mas ainda havia um bom número de pessoas pelo entorno.

“Atraímos a atenção de pessoas de todos os tipos. Houve até o caso de um rapaz que estava tomando banho nas intermediações do Shopping Cidade e saiu correndo do banheiro, colocou a roupa rapidamente e foi para a rua nos procurar. Ele ficou muito empolgado com o que viu”, lembra Dinho.

Outro encontro foi realizado ano passado, no Eldorado, Contagem, com 53 baterias. A intenção é aumentar o número de participantes de forma exponencial, chegando, quem sabe, próximo ao que aconteceu em julho último, na cidade de Cesena, na Itália, quando mil músicos se reuniram em um parque, para chamar a atenção do grupo Foo Fighters com um sonoro “Learn to Fly”. “Queremos multiplicar o máximo possível. Apenas garanto que sou um sonhador”, diz Dinho.

Ritmos

Os participantes do encontro desse domingo (13) vão chegar com peças ensaiadas, como “Billie Jean”, de Michael Jackson, e “Happy”, de Pharrell Williams. “Vamos abordar vários estilos, como samba, axé, pop e rock”, afirma Dinho, lembrando que o encontro vai contar com músicos de várias cidades do interior, como Juiz de Fora, Conselheiro Lafaiete e Ouro Preto.

Cada um vai carregar e montar (e desmontar) a própria bateria. Um desafio e tanto: às 10h a praça tem que estar liberada para a programação infantil.

Dica para fãs de reggae: após o Auto Sound System, dá para seguir para a “Noite Jamaicana” do Granfinos (av. Brasil, 326), com show de Michel Irie. A entrada é franca e serão oito horas de festa, a partir das 22h

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