Narradores, Memórias Afetivas do Futebol: as Copas na memória de cada um

Pedro Artur - Hoje em Dia
15/03/2014 às 08:42.
Atualizado em 20/11/2021 às 16:38
 (Divulgação)

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A câmera passeia devagar, solenemente, por campinhos, com seus “peladeiros” descalços e de chuteira. Em seguida, imagens das copas do mundo, a partir de 1954, mas com olhar mais atento nas conquistadas pelo Brasil, em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002, além das observações de ex-jogadores, pessoas conhecidas e anônimas que passaram por várias situações para ouvirem ou assistirem aos jogos pelo rádio e TV.

É nesse contexto que o diretor Alexandre Pires Cavalcanti, o Xande Pires, imprime ritmo ao documentário “Narradores, Memórias Afetivas do Futebol”, com estreia prevista para hoje, às 10h, no Cinema Belas Artes. A entrada é franca e, após a exibição, haverá um debate com o diretor. No filme, com duração de 53 minutos, a escolha é claramente a narrativa da memória. “A grande questão é a relação afetiva com a história. O futebol tem essa paixão, todos têm a memória afetiva ou a lembrança de um lugar, no qual estava; assistindo com o pai ou um amigo ou relacionando com alguma situação que aconteceu na Copa. A memória está muito ligada ao afeto”, aposta Pires.

Assim, algumas narrativas chamam atenção por seus toques particularmente ligados ao futebol: a superstição e a paixão. Na primeira, uma neta combina com os primos para assistirem à partida na casa da avó. Em sua teoria, se a avó visse todo o jogo, o Brasil passaria pela Holanda, em 2010. Como a avó não acompanhou o duelo inteiro, a Seleção brasileira foi eliminada – e não por conta das trapalhadas de Júlio César e Felipe Mello. Na outra, o filho conta as dificuldades que o pai enfrentou para ouvir pelo rádio a decisão entre Brasil x Suécia, em 1958. O pai, criança, sai à caça, mas o rádio não pegava. Só ficou sabendo da vitória brasileira pelo barulho dos foguetes.

Imaginação e ditadura

Além destas, outras histórias perpassam o filme e nelas se nota a importância do rádio, caso de Olavo Romano. O escritor diz que, na partida final da Copa de 1962, ouvida pelo rádio, na casa do tio, após o segundo gol seguiu para a Praça Sete. “Mais legal era como as pessoas” – conta Romano –, “imaginavam as jogadas”. “Esse período do rádio instigava muito a imaginação. A TV mudou tudo isso”, assinala Xande Pires.

Há também o depoimento do compositor Fernando Brant sobre as Copas de 1978 e 1982.

Sobre o Mundial na Argentina, o músico trata aquela Copa como uma conquista da Junta Militar Argentina, relembrando o caso da goleada sofrida do Peru para a Argentina (6 a 0) que eliminou o Brasil (3 a 0 na Polônia, jogou antes dos anfitriões e perdeu no saldo). A “tragédia de Sarriá”, na Espanha, ele classifica como uma armação dos deuses do futebol, tal a superioridade técnica do time de Telê Santana.

Friozinho

Há também depoimentos de campeões como Piazza e Gilberto Silva. O volante pentacampeão lembra do “friozinho na barriga” que sentiu ao ser comunicado por Felipão e Murtosa de que seria o titular da Seleção na estreia contra a Turquia, por causa do corte de Emerson. Deu conta do recado.
 

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