Neta de Dorival Caymmi faz apresentação nesta sexta no teatro do Minas Tênis Clube

Paulo Henrique Silva
08/11/2019 às 08:56.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:36
 (Gustavo Zylbersztajn/ Divulgação)

(Gustavo Zylbersztajn/ Divulgação)

Alice Caymmi concorda que foi uma mudança brusca. Depois de lançar, em 2018, um álbum com repertório pop, a cantora não esperou um ano para investir em novo disco, desta vez refletindo as mudanças de ares no país após a eleição de Jair Bolsonaro como presidente.

“Sim, era um disco necessário e urgente. Não tinha como continuar um projeto pop neste momento de humores diversos e ânimos agitados.
Precisei deste trabalho para digerir a realidade e levar ao entendimento do maior número de pessoas”, observa a cantora.

Não é por acaso que o álbum ganhou o nome de “Electra”, que batiza a deusa da fúria. “Electra” também é o título do show que apresentará hoje, às 21h, no Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube, acompanhada de João Rebouças (piano) e Filipe Castro (percussão).

“O espetáculo é baseado na tragédia de Electra. A partir da história dela podemos ver as nossas histórias. As tragédias são um tanto universais, pois vêm daquilo que é humano”, registra Alice, cuja apresentação é costurada por três atos: tragédia, revolução e futuro.

Ela só põe para fora sua indignação a partir das músicas – quase todo o repertório de “Electra” se faz presente. “Não falo mais nada além de ‘boa noite, Belo Horizonte!’. O protesto pode ser dramatúrgico, poético e metafórico. Qualquer outra coisa poderia soar profana”, adianta.

Visual

A mudança não diz respeito apenas à concepção das canções. Alice abandonou as madeixas e raspou a cabeça. “Tem a ver com a personagem. Ela (Electra) pede isso, diante de toda aquela tragédia. Num primeiro momento, foi um susto, mas não preciso disso (dos cabelos longos)”.

O visual e o estilo de música não foram bem recebidos por integrantes da família, como a tia Naná Caymmi. Numa entrevista publicada em março, esta disse que tinha esperança de que a sobrinha fosse para o caminho dela. “Achei que a Alice ia dar mel, mas não deu”.

Filha de Danilo Caymmi e neta de Dorival Caymmi, Alice não fugiu ao DNA da família. Desde os 10 anos tem soltado a voz, registrada em quatro discos. “Estou sempre em movimento, produzindo muito. Estou compondo, mas não sei se virá outro disco tão rápido”, assinala.

A apresentação de Alice faz parte do projeto “Uma Voz, um Instrumento”, que encerra a agenda de 2019 após trazer nomes como Paulo Miklos e João Donato e Donatinho.

SERVIÇO
Alice Caymmi – Hoje, às 21h, no teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube (rua da Bahia, 2.244). Ingressos: R$ 60 (meia, R$ 30). Associados do Minas ganham 15% de desconto.

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