Nova adaptação de 'Robin Hood' traz o personagem em ambiente bélico

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
27/11/2018 às 19:06.
Atualizado em 28/10/2021 às 02:24
 (PARIS FILMES/DIVULGAÇÃO)

(PARIS FILMES/DIVULGAÇÃO)

 As primeiras cenas de “Robin Hood – A Origem”, que estreia nesta quinta, nos remetem à Guerra do Golfo. A diferença é que, além de se passar oito séculos antes, durante as Cruzadas, os soldados usam arcos e flechas no lugar de metralhadoras. De resto, a clássica história do herói que rouba dos ricos para dar aos pobres ganha atmosfera de filme de guerra.  Sem perder de vista o romance e uma dose de humor que cimentaram as adaptações anteriores, o “Robin Hood” protagonizado por Taron Egerton (de “Kingsman”) tem elementos caros ao gênero, como a importância da liderança, o recurso da estratégia como principal arma, noções sobre o que é preciso perder para ganhar em seguida e, por fim, a ideia de que só a guerra poderá mudar uma situação. Para tanto, o ar debochado do Hood que conhecíamos, que parecia não ter grandes pretensões a não ser fazer de bobo o xerife de Nottingham, sai de cena para se constituir como militar, treinado por um mouro veterano de guerra (Jamie Foxx, num papel que já foi de Morgan Freeman). É como se fosse necessário dar-lhe uma patente para ter credibilidade. A “origem” do subtítulo, calcada numa versão menos conhecida sobre o arqueiro inglês, está justamente num certo pedigree para Hood, apresentado como um homem de influência – um lorde – antes de ser mandado para o Oriente Médio. Esta mudança é significativa, já que o personagem deixa de “ser” da plebe para “estar” com ela, após ter seu feudo dizimado pelo xerife. Quase ZorroÉ o que o torna diferente, possuidor de um poder social que o faz respeitado, assim como o Zorro. Ambos, por sinal, escondem o próprio status e usam disfarces (a máscara em um; o capuz em outro) porque, aparentemente, os pobres jamais poderiam imaginar algum tipo de ascensão. Isto pode ser percebido nos diálogos travados pelo líder plebeu, sempre hesitante em relação a qualquer ação. Diferentemente das outras versões, existe um comandante à frente de um exército, e não um grupo de foras-da-lei imbuído dos mesmos ideais. Com exceção de Little John, os demais personagens são caricatos (o xerife continua sendo um tolo, manipulado pelo cardeal). Marian, na pele de Eve Hewson (filha de Bono Vox, vocalista do U2), é só um rostinho bonito. A ação é o que de melhor o filme oferece, mas as sequências de combate são poucas, embora façam daquela famosa cena de “Robin Hood: o Príncipe dos Ladrões” (1991) – em que a câmera “está” na flecha que é atirada, acompanhando a sua trajetória até acertar o alvo – um efeito simplório. Suficientes talvez para atrair espectadores e possibilitar uma continuação já engatilhada na cena final.

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