Nova adaptação do clássico livro de Louisa May Alcott chega nesta quinta aos cinemas

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
08/01/2020 às 08:38.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:13
 (Sony Pcitures / Divulgação)

(Sony Pcitures / Divulgação)

A história de Louise May Alcott sobre as quatro irmãs que vivem na sociedade machista da década de 1860 já teve várias versões para teatro, TV e cinema, incluindo um longa-metragem lançado em 1994 e que se destacou pelo bom elenco de mulheres – puxado por Susan Sarandon, Winona Ryder, Kirsten Dunst e Claire Danes – e pela abordagem mais feminista, como o primeiro filme dirigido por uma mulher (Gillian Armstrong).

A mais recente adaptação de “Adoráveis Mulheres”, com lançamento amanhã nos cinemas, também tem um grupo de atores de encher os olhos (Saoirse Ronan, Laura Dern, Meryl Streep, Emma Watson e Timothée Chalamet e Chris Cooper) e uma mulher na direção (Greta Gerwig, de “Lady Bird – A Hora de Voar”). O que o difere dos antecessores é a forma como ousa mexer na estrutura narrativa. 

Gerwig rompe com a linearidade do original e promove um vaivém temporal com a finalidade de distanciá-lo da ideia de “mulheres sofredoras” à espera de um golpe do destino para mudar as suas vidas. Percebemos os efeitos desta alteração na personagem Jo (Saoirse), ao se apresentar um concorrente ao coração dela logo nos primeiros minutos, o que tira o peso da questão sobre a necessidade de não se viver só.

Apesar de constantemente dito pela tia interpretada por Meryl Streep – sempre vestida com roupas de cores pesadas, mostrada como espécie de bruxa –, esta necessidade tem contra-posição na maneira como reafirma as escolhas das garotas. A expectativa pela volta do pai após a Guerra Civil é atenuada com a casa funcionando em harmonia sem ele. A guerra, por sinal, parece distante daquele lar.

Contrastes

A rica casa dos vizinhos onde mora Laurie (Chamalet), rapaz que perpassa pela vida de cada uma das garotas, também tem ações machistas esvaecidas. O avô vivido por Chris Cooper é um homem de grande coração, apresentado sempre em momentos de grande doação. Enquanto o neto, que, a princípio, surge como um alicerce para o quarteto, acaba ganhando valiosas lições de vida ao lado delas.

Neste sentido, “Adoráveis Mulheres” está menos para uma discussão sobre gênero e mais para o questionamento de alguns valores, ainda bem atuais. Detalhe que salta aos olhos é o fato de as protagonistas terem uma atividade ou aspiração, enquanto demais personagens parecem apenas se deixar levar pelo curso da existência. 

Curiosamente, têm relação com diferentes formas artísticas. Jo com a literatura, Meg (Emma) com o teatro, Amy (Florence Pugh) com a pintura e Beth (Eliza Scanlen) com a música. Esta variedade cultural dá ritmo e força à narrativa, ferramenta que torna as irmãs mais especiais. É a partir deste contato que a história de um país se engrandece, como revela Jo, ao pôr no papel tudo o que aconteceu, e a própria trajetória de Louisa May Alcott, ao conseguir se desviar das amarras da sociedade.

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