Nova peça do Giramundo, ‘O Pirotécnico Zacarias’, baseia-se em Murilo Rubião e flerta com o cinema

Lucas Buzzati
12/03/2019 às 18:55.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:45
 (Marcos Malafaia/Divulgação)

(Marcos Malafaia/Divulgação)

“O Pirotécnico Zacarias somos nós. É uma fábula sobre o homem contemporâneo, que ganha abstração genérica na escrita de Murilo Rubião. Um herói que, mesmo sendo mágico, é incapaz de mudar a realidade”. Assim o diretor teatral Marcos Malafaia define o personagem criado pelo escritor mineiro Murilo Rubião (1919–1991) – eixo do novo espetáculo do Giramundo.

Em “O Pirotécnico Zacarias”, que estreia amanhã e fica até dia 8 de abril no CCBB-BH, o grupo de teatro de bonecos costura contos do autor e se vale de recursos do cinema. Após a temporada em BH, a peça segue para São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília. 

Malafaia conta que o Giramundo sempre guardou relação afetiva com Rubião, cujos 100 anos completaram-se em 2016. “Álvaro Apocalypse, criador do grupo e diretor em suas quatro primeiras décadas, trabalhou pessoalmente com Murilo, ilustrando o ‘Suplemento Literário’”, conta. “Já a nova geração conviveu com o autor como fã, já que a escrita de Murilo era enigmática, de um surrealismo muito curioso. Ele sempre esteve em nosso imaginário”. 

O diretor explica que a dramaturgia costura contos de Rubião que são naturalmente complementares. “A obra dele tem uma unidade sem paralelo. É muito coesa, os contos são todos intricados. Há uma relação de sequência que parece proposital. Também percebemos várias recorrências e identificando um personagem central, presente em vários contos”, diz. “Então, selecionamos contos a partir dessas relações invisíveis, construindo uma espécie de metaconto de Rubião e mantendo o texto o mais intacto possível, para não interferir na literatura do autor”, completa.

Montagem híbrida

A partir da costura entre cinco contos – “O Ex-Mágico”, “Teleco, o Coelinho”, “O Bloqueio” e “Os Comensais” – o Giramundo buscou inspiração técnica no cinema. “Para fazer a mistura midiática que marca a segunda geração do Giramundo, recorremos a uma organização própria do cinema. A interligação das cenas e acontecimentos foram pensadas por meio de  storyboards, análises técnicas de cena, roteiros decupados”, conta Malafaia. 

Para o diretor, a influência do cinema no Giramundo começou em “Vinte Mil Léguas Submarinas” (2007), “fusão entre teatro de bonecos e animação stop motion”. “Em ‘Pirotécnio’, o cinema influenciou a construção do espetáculo até mesmo em sua própria linguagem”, sublinha, revelando que um núcleo de estudos foi criado para haver correspondência entre filmes e cenas da peça.
Malafaia pontua ainda que a peça conta com poucos bonecos de marionete, marca do Giramundo.

“São mais de 20 máscaras e bonecos de vestir, que trocam de personalidade. Também há teatro de sombras e bonecos de luvas. É um espetáculo híbrido, que traz atores em cena, como o personagem central (Antônio Rodrigues)”, diz. “Os cinéfilos encontrarão ressonância em seu gosto pelo cinema e o público do Giramundo verá novas interpretações, às quais não estão acostumados”.

Serviço

Giramundo – “O Pirotécnico Zacarias”.
De amanhã a 8 de abril, no CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários).
Quintas e sextas, às 20h. Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia).

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