(REDE GLOBO/DIVULGAÇÃO)
Antes de o celular de Vladimir Brichta tocar, ele estava tendo aulas de canto e guitarra. O motivo é a próxima novela das 7, “Rock Story”, que irá ao ar em novembro. O ator interpreta um roqueiro famoso nos anos 90 que tenta reerguer a carreira.
“Já cantei no teatro e em filme, mas confesso que ninguém irá se surpreender comigo tocando guitarra”, diverte-se Brichta, que usou como referencial muitos filmes recentes que registram esse universo do roqueiro nos dias atuais.
Produções como “Aqui é o Meu Lugar”, protagonizado por Sean Penn, “Não Olhe para Trás”, com Al Pacino, “Rock of Ages”, com Tom Cruise, e “Ricki and the Flash – De Volta para Casa”, com Meryl Streep, exibem o incômodo desses roqueiros das antigas com a sociedade de hoje.
“Gui, o meu personagem, é um purista, não aceitando essa transformação do rock para o pop, mas essa não é a causa da decadência dele. Como ele é muito explosivo, acaba se envolvendo em muitas confusões”, registra Brichta.
Um ponto em comum com “Não Olhe para Trás” é que Gui descobre, já velho, ter um filho adolescente, o que mudará a vida do rapaz. “Li muitas biografias como referência – a do Nasi, a do Dado Villa-Lobos, a do Kid Vinil, espécie de porta-voz do BRock”.
O interesse pelos roqueiros veteranos também se nota na televisão com a série “Vinyl”, da HBO, produzida por Martin Scorsese e Mick Jagger, do Rolling Stones. E na literatura com os recém-lançados “Dange Rock”, de M. S. Fayes, e “Rock Star – Hot”, de S. C. Stephens.
Apesar do nome estampado na capa, M. S. Fayes é a alcunha da brasiliense Marta Fagundes. A trama gira em torno da líder da banda DangeRock, que alcança sucesso musical e atrai a atenção de um roqueiro experiente.
“O roqueiro é sedutor e ela acaba se apaixonando por ele. Depois ele fica obcecado pela mocinha, quando mostro o lado feio da fama, como o uso de drogas ilícitas”, detalha Marta, já envolvida com uma segunda parte do livro.
“Gosto desse universo das celebridades. Isso sempre me fascinou e passei a tentar descrever como seria o lado podre que está por atrás do glamour, como a falta de privacidade e as drogas”, registra a autora, que antes já tinha abordado, em outro livro, Hollywood, a meca do cinema americano.
“Rock Star” mostra a visão do sexy guitarrista Kellan Kyle sobre fatos e tramas presentes na trilogia que antecede o livro – “Intenso Demais”, “Complicado Demais” e “Perigoso Demais”, todos escritos por S. C. Stephens.
‘O rock hoje é uma música de nicho’, registra o músico mineiro Alexandre da Mata
Vocalista e guitarrista da banda Seu Madruga, há mais de dez anos fazendo cover do AC/DC em Belo Horizonte, Alexandre da Mata credita esse retorno dos roqueiros à mídia ao gosto inalterado de parcela da sociedade pelo gênero musical.
“O rock hoje é uma música de nicho. Não é um nicho pequeno como o do jazz e o do blues, mas está menor em relação ao que era. Ele continua forte, mas não é mainstream, não é mais o número um”, lamenta Alexandre.
O vocalista também enxerga uma vontade de que o rock se renove, destacando que as bandas do gênero que atualmente enchem estádios são “dinossauros” como Black Sabbath, Iron Maiden e AC/DC. “Cite um grupo novo que faça isso? Não tem. Não podemos deixar o rock morrer”, questiona.
Sobre o comportamento sempre rebelde dos roqueiros, Alexandre diz que essa forma contestadora está mais vinculada ao punk rock, da década de 70, mas que, em outros momentos, a crítica migrou para as letras.
“O AC/DC começou punk rock e, dessa época, tem uma música chamada ‘Rock’n’´Roll Singer’, que fala de um rapaz que se revolta porque os pais querem que ele seja médico ou advogado, criticando toda a ‘merda que ensinam para as crianças na escola’. Depois, essa rebeldia passou para o som”, analisa.
Alexandre diz que não faz o estilo radical, que dará a tônica do personagem de Vladimir Brichta em “Rock Story”. Ele se define como um “músico que gosta de tocar rock e outros estilos musicais, principalmente música boa”.
Além do Seu Madruga, Alexandre da Mata está à frente da banda “Alexandre da Mata e Black Dogs”, dedicada ao blues. “É curioso, pois todo mundo fala em crise, mas o pessoal nunca deixou de ir aos nossos shows. Tocamos uma música de nicho, para um pessoal carente. Vou culpar a mídia, pois é ela que quis empurrar outra coisa, deixando o público sem escolha”, observa.
Com o humor que é característico ao AC/DC, de origem australiana e ainda em atividade, o Seu Madruga já conseguiu gravar um clipe da música “Big Love” com o baterista Chris Slade, que comandou as baquetas do grupo original de 1989 a 1993, retornando recentemente à formação.