Novo álbum de Criolo, "Convoque Seu Buda", assume o tom de crítica social

Vanessa Perroni - Hoje em Dia
21/11/2014 às 07:57.
Atualizado em 18/11/2021 às 05:06
 (Caroline Bittencourt/)

(Caroline Bittencourt/)

O que nos emociona? Foi para destrinchar este questionamento que o rapper Criolo concebeu seu terceiro registro de estúdio, “Convoque Seu Buda”. Lançado no início deste mês sem muito estardalhaço no site oficial do artista, o álbum foi gerando burburinho e acabou superando a expectativa dos fãs, além de surpreender a crítica, que via com certo ceticismo a possibilidade de o artista apresentar um trabalho diferente do aclamado “Nó na Orelha” (2011).

Mas, aos 39 anos, o paulistano prova ser, sim, a voz da renovação do rap “made in Brasil”. Com dez faixas, o CD mergulha no que há de mais popular na música brasileira. Samba e forró são alguns dos gêneros que costuram o trabalho – que também ganha pitadas de rock e reggae – com naturalidade. “Conceber esse disco foi um processo intenso de percepção do que está guardado em nós e que ainda nos move. E não há barreira musical para dar voz a essas reflexões”, comenta o mestre.

Produzido por Daniel Ganjaman e Marcelo Cabral, sem os quais “o álbum não existiria”, segundo Criolo, “Convoque Seu Buda” discute diferenças de classes, problemas sociais, Copa do Mundo e, ainda, faz referências diversas – de Naruto e GTA (personagens de games) a Shiva e Buda. Não bastasse, brinca com a entrevista concedida ano passado a Lázaro Ramos, no programa “Espelho”, do Canal Brasil – a resposta a uma das perguntas acabou virando meme nas redes sociais. “Lázaro, alguém nos ajude a entender”, diz um trecho da faixa “Cartão de Visita”.

Questionado sobre a forma com que suas letras reverberam entre os ouvintes, Criolo é incisivo: “Não sei o que vai acontecer. No meu coração, existe a canção. Peço licença e canto. É como um filho, que tem um pouco de você, mas é do mundo”.

As faixas “Casa de Papelão” e “Fio de Prumo (Padê Onã)” são as grandes responsáveis pela percepção que fica após a audição. Com estruturas menos convencionais e a mistura de elementos mais caóticos, mostram um Criolo mais aberto a experimentações. Prova disso é a participação da cantora Juçara Marçal em “Fio de Prumo”, que fecha o disco em um ritmo bem regional e letra com referências à cultura africana.

“Esse trabalho é uma celebração de tudo de bom que recebi após o último álbum. Uma forma de agradecer a todos que me mostraram um novo mundo”, elucida Criolo, que consegue a façanha de unir diversos gêneros musicais sem perder a essência ou soar confuso.

Festival SaraRá

A turnê “Convoque Seu Buda” passa por Belo Horizonte, neste sábado (22), dentro do “Festival Sarará”, que acontece no Parque das Mangabeiras. “Espero, nesse show, retribuir as vibrações que tenho recebido”, anseia Criolo.

A festa “Sarará”, que celebra a “brasilidade da cor”, também leva ao palco os blocos Chama o Síndico e Baianas Ozadas, bem como os DJs da festa Sexta Básica, Jahnu e Xeréu, além de Thiagão, Fael, JJBZ e Yuga.

“Festa Sarará’ – Parque das Mangabeiras. Neste sábado, às 14h. Ingressos: R$60 (masculino) e R$40 (feminino)
 

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