Novo filme de Danny Boyle teria pontos semelhantes com curta mineiro de 2008

Paulo Henrique Silva
25/02/2019 às 18:01.
Atualizado em 05/09/2021 às 16:43
 (UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

(UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

 Após a divulgação do trailer do filme “Yesterday”, do premiado diretor inglês Danny Boyle, o telefone de Gilberto Scarpa não parou mais de tocar. São amigos que conhecem a obra do cineasta mineiro e imediatamente viram semelhanças entre o longa-metragem de Boyle, com previsão de lançamento no Brasil em 29 de agosto, e o curta “Os Filmes que Não Fiz”, exibido em 2008. A trama de “Yesterday” mostra um músico que, após acidente, acorda em outra realidade, descobrindo que os Beatles foram apagados da história. Metalinguístico, o filme mineiro reúne vários falsos trailers de produções que Scarpa nunca conseguiu tirar do papel, entre elas uma sobre Zelvis, cover de Elvis Presley que acorda num hospital e percebe ser o único a saber quem foi o Rei do Rock.  

Danny Boyle é diretor de “Trainspotting” e do “oscarizado” “Quem Quer Ser um Milionário?”

 “Não vi o filme de Boyle ainda, mas fiquei curioso com o trailer, que é muito parecido com um dos trailers do meu curta, uma brincadeira com roteiros que escrevi e não consegui fazer. O roteiro do filme sobre Zelvis, com nove páginas, foi registrado em 2003 na Biblioteca Nacional”, assinala Scarpa, que recebeu mais de 40 prêmios no Brasil e no exterior com “Os Filmes que Não Fiz”. Plágio?Acusações de plágio são relativamente comuns na indústria cinematográfica. O ganhador do Oscar do ano passado, “A Forma da Água”, teria sido inspirado numa peça de Paul Zindel, “Let me Hear You Whisper”. Os produtores da animação “Frozen” (2013) preferiram entrar em acordo com Kelly Wilson, criadora do curta “The Snowman” (2012), para evitar a briga na Justiça. Não passa pela cabeça de Scarpa, pelo menos por enquanto, entrar com uma ação contra Jack Barth e Richard Curtis, autores do roteiro de “Yesterday”. O que prevalece é a curiosidade em ver o filme na íntegra, já que, pelo trailer, há vários pontos coincidentes, além do fato de o enredo acompanhar dois músicos pés-de-chinelo que, após acidente, se veem como os únicos conhecedores do repertório de Beatles e Elvis Presley. Scarpa cita o instante em que a vinheta da distribuidora Universal pisca antes de um evento climático, que seria parecido à cena de “Os Filmes que Não Fiz”, que exibe o título em neón, também faiscante. Em outra situação, após o acidente, tanto um quanto o outro protagonista falam sobre o seu artista preferido para uma garota e ouvem como resposta um “Quem?”.  

Filme mineiro foi exibido na Alemanha, Coreia do Sul, Argentina, Canadá e Tanzânia, entre outros

 Por fim, há o momento em que estão no palco, usufruindo de um inesperado sucesso. No argumento depositado na Biblioteca Nacional, haveria ainda outras coincidências, uma delas em que os personagens fazem busca na internet para constatarem a inexistência dos ídolos. “Sou um admirador dos filmes de Boyle. É um cara consistente, gostamos de assuntos parecidos, como a questão do loser”, afirma Scarpa. Coincidentemente, na última semana, surgiu a notícia de que “Yesterday” estaria sendo acusado de plágio pelo escritor australiano Nick Milligan, que viu semelhanças com o livro “Enormity”, de 2013. “É uma questão difícil. (O pintor) Salvador Dalí dizia que seus bigodes eram como antenas captadoras de ideias soltas. E o tema, sobre pessoas que assumem a identidade de outra, não deixa de ser comum”.

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