Novo filme de James Bond marca despedida do ator Daniel Craig na pele do espião britânico

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
02/10/2021 às 20:33.
Atualizado em 05/12/2021 às 05:59
 (UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

(UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

“Bond. James Bond”.  A icônica frase de apresentação do agente secreto mais famoso do mundo é dita pela última vez por Daniel Craig, em “007 – Sem Tempo para Morrer”, em cartaz nas salas de exibição, marcando o fim da trajetória do sexto intérprete na franquia recordista de filmes – são nada menos do 25 títulos produzidos desde 1962.

Prestes a completar 60 anos, o personagem foi do machismo e arrogância, com Sean Connery, para um espião mais sensível e realista. Esse é o legado de Craig após viver Bond em cinco longas. “Sem Tempo para Morrer” fecha com chave de ouro essa repaginada que, entre outras coisas, abriu maior espaço para mulheres e negros.

Por esses ingredientes, não é de se espantar que a herança deixada por Craig para os próximos filmes tenha a ver com o sexo oposto, suscitando especulações de que o próximo 007 possa ser mulher. Aliás, ela já parece no longa dirigido por Cary Joji Fukunaga, com Nomi (Lashana Lynch) recebendo o mesmo codinome após a aposentadoria de Bond.

Ela acaba lhe devolvendo as credenciais, à certa altura do filme, quando o personagem de Craig resolve voltar a trabalhar a serviço de Sua Majestade depois da morte de um amigo devido à descoberta do desenvolvimento de uma perigosa arma pela organização Spectre. Não sem antes protagonizarem cenas de disputa motivadas por vaidade.

Outra contribuição da fase “Daniel Craig” é incorporar uma dúvida sobre as políticas governamentais, que mudam de acordo com os seus interesses. A arma que poderá destruir a população mundial teve o patrocínio dos ingleses, valendo-se de códigos genéticos para matar os inimigos. O que poderia reduzir danos colaterais acaba vitimando toda a família de um suspeito.

Não dá para não fazer uma relação com a Covid ao se abordar um vírus invisível, que mata silenciosamente. É possivelmente o grande “vilão” de 007 nos últimos anos, por seu caráter real e a maneira como se propaga, a partir do toque de entes queridos. O medo de ser responsável novamente pela morte de quem ama  (ele já havia perdido Vesper em “Cassino Royale”, personagem que reaparece nesse desfecho).

Diferentemente de outros Bond, que parecem carregar a mesma feição em todos os filmes, é possível enxergar em Craig uma mente cada vez conturbada, o desejo de parar com a sua atividade e a vontade de poder amar uma pessoa sem torná-la um alvo de organizações criminosas.  É o que faz Safin (Rami Malek, o Freddie Mercury de “Bohemian Rhapsody”), ao manipular a namorada do agente vivida por Léa Seydoux.

Apesar de incluir várias mudanças conceituais, seguindo uma proposta que vem das histórias em quadrinhos, “Sem Tempo para Morrer” não deixa de ser um típico filme de 007, com a cuidadosa escolha da música-tema (a cargo de Billie Elish), os vários apetrechos criados pelo cientista Q e muita perseguição. No pós-créditos há uma frase dos produtores, “Bond voltará!”. A questão é, sem Craig, qual identidade o personagem irá assumir.

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