Novo filme do diretor de 'Corra!' estreia nesta quinta

Paulo Henrique Silva
20/03/2019 às 08:16.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:52
 (UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

(UNIVERSAL/DIVULGAÇÃO)

Entre os filmes mais aguardados de 2019, estão as produções de super-heróis e as continuações de franquias de sucesso. E tem ainda o novo longa-metragem de Jordan Peele, “Nós”, que estreia amanhã nos cinemas, esperado principalmente pelos fãs de fitas de terror.

Para quem não ligou a pessoa à obra, Peele é o responsável por “Corra!”, o melhor filme do gênero das duas últimas décadas e que figurou entre os indicados da categoria principal do Oscar do ano passado – o cineasta norte-americano acabou levando o de roteiro original.

Embora com menos espaço para o humor e para a discussão de questões raciais (os protagonistas são todos negros), o segundo trabalho não deixa de ser menos incisivo nos temas que aborda, com Peele habilmente dosando terror com críticas à visão egocêntrica do americano.

E a senha disso é deixada logo no início de “Nós”, quando a casa de Adelaide (Lupita Nyong’o, a Nakia de “Pantera Negra”) é invadida por seres exatamente iguais aos membros de sua família. Ao perguntar quem eles são, a resposta vem de seu “clone”: “Somos americanos”.

Há uma imagem muito importante exibida na TV, quando se noticia a realização, em 1986, de uma ação contra a fome, em que americanos darão as mãos de costa à costa. Neste mesmo ano, Adelaide sofre um trauma quando criança, ao se perder dos pais num parque de diversões.

Peele parece pisar no fértil terreno dos zumbis, quando o país é confrontado por duplos assassinos em toda parte. Como em filmes do sub-gênero, não faltam sangue e mortes em profusão – e também de boas pitadas de comicidade neste enfrentamento com o próprio “eu”.

Aos poucos, porém, essa batalha vai se tornando mais e mais incômoda, com a violência ganhando maior peso do lado humano. O que se vê é um espelhamento, algo que surge dos subterrâneos da cultura do povo americano – um profundo medo do outro.

Peele reserva uma reviravolta final que só amplia a sensação de desconforto, apontando para uma rica discussão sobre quem são as verdadeiras vítimas. Não por acaso, o titulo em inglês do filme é “US”, justamente a abreviação de United States (Estados Unidos).

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