O primeiro “O Predador”, lançado em 1987, não era um autêntico filme de ação, muito menos uma ficção-científica, apesar do título se referir a um alienígena. O que mais chamava a atenção neste filme protagonizado por Arnold Schwarzenegger era uma permanente sensação de impotência diante do desconhecido, uma das características ausentes na continuação – de mesmo nome – que chega hoje aos cinemas. Num longa que fala tanto de DNA, parece que os roteiristas perderam de vista os elementos que fizeram da produção inaugural um marco, ao transformar uma floresta na América Central numa crítica à arrogância americana: os soldados são caçados por uma raça superior que só quer se divertir às custas dos humanos. Um único ser contra o arsenal militar dos Estados Unidos, representados por um grupo de elite. No que pode ser, no original, uma releitura da investida fracassada no Vietnã (a imagem de Schwarzenegger coberto de lama é icônica da gradual simbiose do personagem, traído por seus comandantes, com a floresta), o suspense era peça-chave na narrativa.  

 No novo “Predador”, porém, tudo é mais explícito e gráfico, além de superficial e debochado. Na primeira cena, já estamos no interior de nave alienígena que cai numa floresta. Testemunha da queda, um militar condecorado (Boyd Holbrook) é coagido pelo governo a dizer o que viu, sem saber que ele enviou, às escondidas, partes de uma armadura extraterrestre para o filho. Se fosse num filme de Spielberg, seria o mote para restabelecer a conexão entre o pai ausente e o garoto.  A trama prefere promover uma caricatura, até mesmo quando insere uma garota parda como auxiliar do militar. Vivida por Olivia Munn, ela começa como um personagem forte, com uma história interessante na relação com os invasores, mas aos poucos é anulada pela necessidade de explosões e humor raso, desaparecendo por completo na sequência final, quando o filme deixa no ar uma sequência.

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