O Hobbit: pensado para ter duas partes, mas acabou como trilogia

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
13/12/2013 às 07:55.
Atualizado em 20/11/2021 às 14:46
 (Divulgação )

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Cada vez mais a saga de “O Senhor dos Anéis” nos cinemas se aproxima de outra franquia famosa: “Guerra nas Estrelas”. Tanto nas boas escolhas – como o caráter épico e a riqueza e extensão da história, envolvendo detalhados acontecimentos que compreendem centenas de anos –, quanto nas ruins.

Essa segunda parte se concentra, a exemplo do que aconteceu com o universo dos jedis, na diluição dos grandes temas na nova trilogia, marcante no primeiro filme (“O Hobbit – Uma Jornada Inesperada”) e também no episódio do meio, “O Hobbit – A Desolação de Smaug”, principal estreia de hoje nos cinemas.

Medo, dor, desconhecimento, cobiça e sacrifício forraram as ações dos três longas originais, empurrados por um sentimento pessimista sobre a essência do homem. É esse olhar mais agudo, em torno de uma busca incansável para equilibrar as forças entre bem e mal, que o espectador sente falta nos dois trabalhos lançados.

“A Desolação de Smaug” deixa de ser apenas engraçadinho e aventuresco, ingredientes de “Uma Jornada Inesperada” (mal que também acometeu “Star Wars – A Ameaça Fantasma”), para confrontar personagens como Bilbo Bolseiro, Gandalf e o elfo Legolas em suas próprias limitações.

O mal oculto (até mesmo no interior deles) assusta. Sem saber o que vai encontrar pelo caminho na tentativa de libertar as terras dos anões, dominadas pelo dragão que dá título ao filme, o grupo parece percorrer a estrada de tijolos amarelos de “O Mágico de Oz”, sendo constantemente testado em suas convicções.

Embate estabelecido de maneira quase didática, como se a narrativa abrisse capítulos como “traição”, “egoísmo” e “contra as diferenças”. Um bom exemplo disso é a historinha de amor entre um anão e uma elfo, com diálogos claramente definidos pela necessidade de acabar com o preconceito.
Na primeira trilogia também há uma relação amorosa “inter-racial” (o humano Aragorn e a elfo Arwen), mas o conflito vai além da questão étnica para abraçar a falta de interesse pelo o que acontece em outras terras, como se não fizessem parte de uma coisa só – referência aos preâmbulos da Segunda Guerra Mundial.

Embora haja ainda muita magia proporcionada pelo universo criado pelo escritor J. R. R. Tolkien, “A Desolação de Smaug” evidencia que, aos esticar demais as ações, os produtores pensaram mais na triplicação do faturamento ao transformar um livro de pouco mais de cem páginas em três filmes com quase nove horas de duração. 

 

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