'O Juízo' mostra cobrança de uma dívida que vem da época da escravidão

Paulo Henrique Silva
05/12/2019 às 08:38.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:55
 (Paris Filmes/Divulgação)

(Paris Filmes/Divulgação)

“Qualquer história sobre um cara que enlouquece num lugar isolado nos remete a ‘O Iluminado’”, concorda o diretor Andrucha Waddington, ao comentar as comparações que estão sendo feitas entre o seu filme “O Juízo”, em cartaz a partir de hoje nos cinemas, e o clássico de Stanley Kubrick.

Ele já tinha percebido este paralelo no roteiro, assinado pela esposa e atriz Fernanda Torres, e por isso, quando o filme começou a ser rodado, proibiu que o elenco visse a obra de 1980. “O único que pedi para assistirem foi ‘Os Inocentes’ (1961), que tinha o tom de dramaturgia que eu queria”.

O cineasta, em sua primeira incursão pelo suspense sobrenatural, faz questão de frisar que “O Juízo” tem DNA tropical, ao tratar da questão da escravidão no país. Na história, uma maldição persegue uma família ao longo de gerações após ser responsável pela morte de um escravo e sua filha.

“Hoje vivenciamos a escravidão do racismo. Uma parte de nossa história que é negada e que abordo com franqueza, apesar de não ter o lugar da fala. Este lugar é exercido pelo (cantor) Criolo, que fala com contundência o que representa esta reparação dentro da história”, registra o cineasta.

A ideia do filme surgiu há sete anos, quando ele e Fernanda estavam numa fazenda mineira, durante a Semana Santa, e ouviram várias histórias sobrenaturais a respeito da extração do ouro no século 18 e que envolviam, principalmente, a Estrada Real – rota usada para transporte do metal precioso.

“Descobrimos uma casa de época em Barra do Piraí, na fronteira do Rio de Janeiro com Minas Gerais, que estava abandonada e que seria reformada. Pedimos ao dono para esperar, pois tínhamos ali uma locação já pronta. A casa é um personagem importante na história”, assinala.

Com Felipe Camargo como protagonista, “O Juízo” é um filme feito em família. Além de Fernanda Torres no roteiro, Waddington pôde contar com a sogra Fernanda Montenegro e o filho Joaquim Torres Waddington no elenco. “A resposta para isso é bem simples: somos como uma família de circo. Como temos a mesma profissão, é natural acontecer”. 

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