(Reprodução)
Editora de vários livros que todo mundo deveria ler, a Cosac Naify saiu de cena no fim de 2015. Antes de apagar as luzes, relançou “O menino e o pinto do menino”, livro de Wander Piroli que encantou gerações ao ser publicado em 1975 e segue arrebatando crianças e adultos 40 anos depois.
Não é difícil imaginar o motivo. A história poderia ter acontecido comigo, lá na década de 1980; com meus pais, tempos antes; ou com minha filha, que acaba de completar 6 anos. Em qualquer tempo, emociona. Daí não sair nunca de moda.
“O menino e o pinto do menino” traz até nós o drama de Bumba, garoto às voltas com o pintinho dado pela professora do jardim de infância.
Já na saída da escola, ele descobre que manter o presente não será fácil, mas, ao longo da narrativa, vai conseguindo, com insistência, meiguice ou sorte, derrubar uma série de obstáculos para ficar com o mascote.
A primeira resistência que Bumba quebra é a da mãe. Em seguida, tal como na vida, surgem outros desafios: no ônibus, na portaria do prédio, em casa, com a empregada e as irmãs, e finalmente com o pai.
Bem antes disso, porém, já estamos na torcida pelo garoto, que se afeiçoa ao pintinho sem saber que a convivência deles não vai durar nem 24 horas.
Notoriedade
O enredo soa prosaico, mas foi justamente o fato de tratar da vida real numa época em que histórias fantasiosas dominavam a literatura infantil que fez de “O menino e o pinto do menino” um fenômeno.
Em seis dias, 3 mil exemplares foram vendidos apenas no Rio de Janeiro. Isso lá em 1975, quando as estratégias de divulgação do mercado editorial engatinhavam em relação ao que é feito hoje.
O que quase ninguém sabe é que o embrião da obra foi um conto que Wander Piroli escreveu para o Suplemento Literário de Minas Gerais. Ao ver o texto, o dono de uma editora encomendou ao autor uma versão para livro.
O tiro foi certeiro. Considerado um divisor de águas na literatura infantil – inclusive por funcionar como “um soco na cara”, nas palavras do tal editor –, “O menino...” foi vendido até fora do Brasil.
Por aqui, a versão da saudosa Cosac Naify traz ilustrações de Marcelo Eduardo Lelis de Oliveira, o Lelis. Desenhos que dão ainda mais emoção à história do pequeno Bumba.