‘O Samba’ compõe mostra que começa nesta quinta no Belas Artes

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
24/07/2014 às 08:25.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:30
 (Imovision)

(Imovision)

O artigo no título “O Samba” já diz muito sobre esse filme dirigido pelo francês Georges Gachot, presente na mostra comemorativa dos 25 anos da distribuidora Imovision, em cartaz a partir desta quinta-feira (24), e até dia 30, no Cine Belas Artes. Esse samba é aquele mesmo que se perpetua no imaginário estrangeiro, como algo ligado quase exclusivamente ao Carnaval e ao Rio de Janeiro, e que permanece o ano inteiro na boca dos moradores das comunidades cariocas.

É o oposto do que vimos em outro documentário, “O Samba que Mora em Mim”, ambientado no morro da Mangueira, em que a música dominante é o funk, com os sambas-enredos lembrados apenas no período carnavalesco. Aki Kaumariski, estrangeiro como Gachot, nascido na Finlândia, foi à essência do estilo musical e percebeu, em “Moro no Brasil”, que não existe consenso sobre o seu conceito nem mesmo dentro do país.

Com Martinho da Vila como mestre de cerimônia, “O Samba” segue em direção contrária, passando em revista os muitos clichês que envolvem o samba, concentrando-se em análises superficiais.

Vemos, por exemplo, o cantor Ney Matogrosso dizer que o samba é o que nos identifica como brasileiro, mas sem explicar as razões desse suposto vínculo. Para Gachot, basta mostrar imagens de gente feliz e com samba no pé.

A gratuidade de algumas cenas (o discurso desconexo de um morador, por exemplo, não tem outra função a não ser exibir a sua limitação intelectual) já estava presente em “Maria Bethânia – Música é Perfume”, de 2005, também assinado por ele.

Assim como naquele filme, “O Samba” tenta nos convencer que a música brasileira está relacionada a um país pobre e contraditório, feita por pessoas que falam de suas tristezas com alegria.

É dessa forma que Martinho da Vila diferencia o samba de outros gêneros, observando que um francês, ao cantar uma música sobre sofrimento, exibe um rosto de grande amargura, o que não acontece entre os sambistas.

Em síntese, é o extrato de um povo que não vai às ruas, que prefere cantar suas mágoas e que insiste, ainda assim, em ser feliz. Como as pitombas características do Nordeste que Martinho plantou em seu sítio.

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