Objetos precisam contar uma história para compor acervo

Pedro Artur - Hoje em Dia
26/05/2014 às 07:56.
Atualizado em 18/11/2021 às 02:44
 (Frederico Haikal)

(Frederico Haikal)

Antônio Carlos admite que um dos motivos que o incentivam a despender tempo e energia na caça a objetos do dia a dia é, sim, ver, no futuro, esse material acessível aos olhos do público, no que seria o já citado “museu do cotidiano”. “Faço garimpo quase que cotidianamente, tanto em BH quanto fora. Pego objetos descartados se tiverem uma peculiaridade na função que vão desempenhar, no desenho, e se vierem com história”, diz o objeteiro, que dá como exemplo uma geladeira que foi do ex-presidente JK.

Não bastasse o ilustre antigo proprietário, o utilitário tem dobradiça dos dois lados e alavanca no meio para abri-lo para o lado que quem o manusear quiser. “Nenhum dos seus leitores tem uma geladeira dessas, ou mesmo ouviu falar”, desafia, com bom humor.

Para ele, é importante também a preservação da memória. “É o cotidiano que tento preservar. E costumo dizer que sou ‘analógico’ – preservo os objetos, não me satisfaço em vê-los na internet. Disponibilizo-os nas ‘enes’ exposições que já fiz ou estão por aí, e que surpreendem muitos. Exemplo, o que é uma lata? Pode ter sido o estojo da sua infância, a gordura de coco carioca, a cera inglesa... Tudo conta história”, garante ele, que compra objetos em descartes de famílias, construções e ferros-velhos – trocas são raríssimas – e os aluga para produções de teatro e cinema.

Interesse

A Secretaria de Estado de Cultura confirma realmente há um estudo de viabilização do projeto museu do cotidiano. “O colecionador demonstrou interesse em ceder a coleção, em comodato, ao Governo do Estado de Minas Gerais. A partir desta manifestação, a Secretaria está estudando a viabilidade do projeto”, informou a assessoria de Comunicação da SEC.

Figueiredo também entrou em contato com a UFMG na luta para transformar o acervo em museu. A professora Rita de Cássia Marques, coordenadora da Rede de Museus da Universidade, porém, alega que, no momento, seria inviável sua implantação. “A UFMG não teria, agora, espaço para abrigar os objetos”.

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