Obra de compositor brasileiro se intercala com estilo europeu para narrar dia

Bernardo Almeida
10/05/2019 às 09:22.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:35
 (Isabela Senatore / Divulgação)

(Isabela Senatore / Divulgação)

Uma tradução sonora da passagem do dia, desde o nascer do sol até o ocaso, é o que aguarda o público da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, que se apresenta hoje, às 20h30, na Sala Minas Gerais. E entre autores europeus conhecidos, como é o caso do austríaco Haydn e do checo Dvorák, a plateia também será apresentada a um compositor brasileiro, Almeida Prado, que faleceu em 2010.

Para isso, a Filarmônica terá o reforço da pianista brasileira Sonia Rubinsky, premiada com Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Clássica em 2009. A musicista brasileira saiu do país aos 12 anos de idade, estudou na Academia Rubin, de Israel, e na Escola de Música de Juilliard, em Nova Iorque. Sonia também foi uma grande amiga de Almeida Prado. Foi para ela que o falecido compositor compôs e dedicou algumas de suas obras.
 

A Filarmônica também levará compositores como Mozart e Beethoven para Inhotim, na tarde deste domingo de Dia das Mães, a partir de 15h, em homenagem ao município devastado após o rompimento da barragem, em janeiro 

“Ele era um gênio no sentido musical, dotado de um lirismo impressionante, uma compreensão musical bastante particular de descrever em notas elementos da natureza, como o firmamento e os rios”, explica a pianista, que já tocou essa peça junto com o maestro Fabio Mechetti e o próprio Almeida Prado, há cerca de 12 anos. 

“O público logo percebe o objeto a que se refere sua música e lembro que a reação foi muito impactante da última vez que apresentamos essa composição aqui em Belo Horizonte, na época, no Palácio das Artes”.

E Aurora, como o próprio nome diz, descreve os primeiros raios de sol do dia, transitando dos tons graves da escuridão até o agudo, simbolizando a claridade. Um estilo moderno contemporâneo que casa muito bem com o clássico de Haydn, com a Sinfonia nº 6 em Ré maior, “A manhã” e a Sinfonia nº 8 em Sol maior e “A noite”, além de Noturno em Si maior, op. 40, de Dvorák.

“A justaposição de estilos musicais diferentes gera um contraste capaz de aguçar os ouvidos do público, ainda mais quando os estilos são distintos, mas dentro da mesma temática”, adianta Sonia Rubinsky 

Música clássica brasileira

As apresentações fazem parte do projeto Brasil em Concerto, criado pelo Itamaraty ano passado, em parceria com a Academia Brasileira de Música.
O programa tem o intuito de divulgar a música de concerto produzida no país, uma tradição que data desde o século 19, com artistas como Villa-Lobos, Carlos Gomes, Alberto Nepomuceno, Henrique Oswald, Francisco Mignone, Lorenzo Fernandez e Camargo Guarnieri. Além das apresentações com as orquestras filarmônicas de Minas Gerais e de Goiás, e da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, as obras serão gravadas em 30 CDs, até 2023. “Aurora é uma composição que não temos gravada. Muitos músicos brasileiros não são familiarizados com ela”.

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