Obra que homenageia Guimarães Rosa é a vencedora do Festival Tinta Fresca

Hoje em dia
04/06/2015 às 15:52.
Atualizado em 17/11/2021 às 00:21
 (Netun Lima/Hoje em Dia)

(Netun Lima/Hoje em Dia)

A Orquestra Filarmônica de Minas Gerais anunciou na noite dessa quarta-feira (3), na Sala Minas Gerais, a obra vencedora do Festival Tinta Fresca 2015, que se destina ao fomento, divulgação e estímulo a jovens compositores. A obra Messiânicas Brasileiras nº 3: Grande Sertão Exótico, do mineiro Jônatas Reis, foi a escolhida entre as seis finalistas apresentadas no concerto de encerramento do Festival, regido pelo maestro associado da Orquestra, Marcos Arakaki. O prêmio é a encomenda de uma nova composição, a ser estreada pela Filarmônica de Minas Gerais na Temporada 2016. O segundo lugar foi para a obra Eosos, de Gabriel Penido, e o terceiro lugar para Le Tombeaux Vides, de Felipe Vasconcelos. Os três compositores são mineiros e se formaram na UFMG.   A comissão julgadora, formada pelos compositores João Guilherme Ripper, Oiliam Lanna e Ronaldo Miranda, avaliou as 30 partituras inscritas no Festival Tinta Fresca 2015, provenientes de dez estados do país. Destas, seis obras foram escolhidas e preparadas para apresentação pública. Durante a preparação, seus compositores participaram ativamente dos ensaios, interagindo com orquestra e regente, bem como com o júri, a fim de conhecer, com maior profundidade, diferentes visões sobre seus trabalhos. Dentre as obras finalistas, também estavam A Lenda da Vitória Régia, de Gustavo Velasco, Reza (opus 3), de Paulo Arruda, e Alucinações Cadavéricas, de Cadu Verdan.   Para Jônatas Reis, o Festival Tinta Fresca revela-se uma “magnífica e única oportunidade” para compositores de música orquestral. “O ofício é difícil. Daí a importância de motivação. Analogamente, é a mesma coisa do pintor que não tem sala de exposição para mostrar seus quadros. No caso dos artistas sinfônicos, tudo é ainda mais complexo, pois é necessária uma estrutura gigantesca, a orquestra, para que apresentem seu trabalho ao público”, comenta, ao destacar que o evento da Filarmônica de Minas Gerais permite que se dê continuidade à tradição musical para orquestra: “Estou muito feliz! O Festival é fundamental à preservação da escrita sinfônica nacional”. Quanto à obra inédita a ser apresentada no ano que vem, o compositor afirma já ter boas ideias. “Preciso conversar com o maestro Fabio Mechetti, para saber qual delas se encaixará melhor no conceito do concerto”, conclui.    A obra escolhida    Messiânicas Brasileiras nº 3 – Grande Sertão Exótico é a continuação da série de composições escritas em homenagem ao compositor francês Olivier Messiaen. A obra é dedicada à memória do escritor mineiro Guimarães Rosa, cujo 107º aniversário será celebrado no dia 27 de junho. Messiaen e Guimarães Rosa nasceram no mesmo ano: 1908. Essa dupla homenagem, muito além de um simples protocolo de cordialidade, nos oferece uma viagem musical de quatro movimentos cujos títulos, melodias e ritmos evocam lembranças e sentimentos que nos fazem visualizar cenas do Sertão. Tal proposta composicional produziu uma exótica fusão de estilos, em que as sonoridades da música folclórica convivem de forma orgânica com as cores peculiares do modernismo musical de Messiaen, num tecido orquestral exuberante entrelaçado por uma variedade de atmosferas e contrastes.   Sobre Jônatas Reis                                     Natural de Belo Horizonte, Jônatas Reis estudou música na Escuela Superior de Música José Angel Lamas, em Caracas, Venezuela, e é Bacharel em Composição pela UFMG. Em 2003 escreveu sua primeira obra para orquestra, premiada no ano seguinte. Desde então suas obras sinfônicas têm sido executadas pelas orquestras Petrobras Sinfônica do Rio de Janeiro, Sinfônica da UFMG, Sinfônica de Minas Gerais e Filarmônica de Minas Gerais, além de diversas bandas sinfônicas. Recebeu os prêmios BDMG/Fundação Clóvis Salgado de Composição Sinfônica 2004; Hino de Farroupilha, RS, 2009; Menção Honrosa Festival Tinta Fresca 2010; Concurso de Composição e Arranjo da Orquestra de Sopros da Fundação de Educação Artística 2011; Prêmio de Composição Sinfônica Guerra-Peixe: 100 anos 2014.

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