Obras de Picasso, Basquiat e Warhol visitam Belo Horizonte

Clarissa Carvalhaes - Hoje em Dia
19/08/2014 às 06:52.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:51
 (Divulgação)

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A partir desta terça-feira (19), e dentro das comemorações do seu primeiro ano na cidade, o Centro Cultural Banco do Brasil, integrante do Circuito Cultural Praça da Liberdade, recebe aquela que promete ser uma de suas exposições mais badaladas. Direto de São Petersburgo, na Rússia, chega à capital mineira “Visões na Coleção de Ludwig”, que antes passou por São Paulo e Rio de Janeiro. Belo Horizonte, aliás, é a última cidade no Brasil a abrigar a mostra, que volta direto para casa no dia 21 de outubro.

Entre as 70 obras estão esculturas, desenhos, fotografias e vídeos de artistas como o cubista Picasso (com “Cabeças Grandes”), o grafiteiro neo-expressionista Jean-Michel Basquiat (“Sem título”) e o hiperrealista Gerhard Richter (“48 retratos”), além de trabalhos de ícones da Pop Art como Andy Warhol (“Retrato de Peter Ludwig”) e Roy Lichtenstein (“Ruínas”), e peças de Claes Oldenburg (“Banana-splits e sorvetes em degustação”), Jasper Johns (“Sombra”) e Jeff Koons (“Querubins”).

Confira a galeria de imagens:

Outro destaque é o óleo sobre tela do pintor e fotógrafo austríaco Gottfried Helwein. Com 6,50 metros de altura, “Cabeça de Criança” ocupa o pátio do CCBB e promete embasbacar o observador com seu traço hiperrealista.

 

O início

Esta é a primeira vez que “Visões” (a mais importante coleção particular de arte da Europa) deixa o Velho Continente.
Uma relação de confiança que passou a se estabelecer em 2009, quando as unidades CCBB do Rio, de Brasília e São Paulo receberam a mostra “Virada Russa – A Vanguarda na Coleção do Museu Estatal Russo de São Petersburgo”. À época, estiveram no Brasil obras de Chagall, Kandinski e Maliévitch.

“O que chega a BH são as obras doadas à Rússia por Ludwig, (1925–1996), um dos maiores incentivadores da arte e dos ‘novos’ artistas no mundo. Uma exposição extremamente valiosa, composta por obras reconhecidas mundialmente”, destaca a cubana-brasileira, membro da curadoria da mostra, Ania Rodríguez.

Estima-se que a coleção de Ludwig conte, hoje, com cerca de 20 mil peças. Trabalhos que foram distribuídos em doações ou empréstimos a longo prazo, em 12 museus de países como a já mencionada Rússia, a Alemanha (onde está a maior parte delas), a Áustria, China, Hungria e Suíça. Obras que reúnem diferentes períodos estéticos – desde a Arte Medieval (com azulejos raríssimos) a obras contemporâneas, como o neoexpressionismo alemão e a então desconhecida Pop Art.



A paixão pela arte acabou unindo Peter e Irene

Assim como no livro “Balada russa” – coletânea de contos de Wladimir Kaminer que narra a história de imigrantes que vivem na Alemanha – Belo Horizonte passa a abrigar a partir desta quarta-feira, trabalhos de artistas de diversos países que, em algum momento, foram parar na extensa coleção de Peter Ludwig (1925 –
1996).

“Houve um momento em que ele passou a acumular tantas obras que já não conseguia mais guardá-las. Sem herdeiros, entregou sua coleção a museus que hoje carregam seu nome, mas que funcionam como braços dentro de outros grandes”, explica uma das curadoras da mostra “Visões na Coleção de Ludwig”, Ania Rodriguez, de 37 anos.

A doação que fez à Rússia, inclusive, surgiu depois de uma visita do colecionador ao país. “Ele ficou apaixonado pela cultura russa e assim, como de costume, passou a reunir trabalhos de lá. Ludwig foi um colecionador da história da arte”.

 

Por encantamento

Filha de um dos alemães mais influentes na indústria do chocolate, Irene Monheim conheceu Peter Ludwig durante o curso de história da arte na Alemanha. A paixão pela arte que reuniu os estudantes acabou desembocando, tempos depois, em casamento.

“Durante o curso, Ludwig teve mais contato com a arte, especialmente com o trabalho de Picasso. A partir daí começou a colecionar obras (está no rol dos maiores detentores de obras do cubista)”.

No entanto, ao contrário do que estão habituados a fazer os marchands, o casal Ludwig colecionava por puro encantamento em relação ao trabalho do artista, independentemente da sua popularidade.

“Foram um dos primeiros, por exemplo, a adquirir trabalhos da Pop Art. Se acreditavam na obra, no artista, compravam. E não o faziam para revendê-la por milhões, anos depois. Nunca foi por isso”.

Peter e Irene colecionavam como um prazer pessoal, um exercício cotidiano. “Eles acreditavam no caminho da arte e que as obras deveriam ficar a disposição do público de todo o mundo”, prossegue a curadora.

Apesar de ainda não ter números de quantos foram os visitantes da exposição no Rio e em São Paulo, Ania espera, claro, que o belo-horizontino prestigie a mostra – afinal, não é todo dia que a Rússia está aqui, tão perto.

“Visões na Coleção de Ludwig” no Centro Cultural Banco do Brasil (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Todos os dias, exceto às terças, das 9 às 21h. Até 20/10
 

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