Onde está o leitor dele?

Elemara Duarte - Hoje em Dia
14/06/2014 às 10:17.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:00
 (Arquivo Hoje em Dia)

(Arquivo Hoje em Dia)

  O “Bloomsday”, dia internacional para lembrar o escritor irlandês James Joyce (1882-1941), também inclui a capital mineira. O “Dia de Bloom” faz referência a “Ulysses”, obra-prima de Joyce. Nele, o escritor mostra a “odisseia” de Leopold Bloom em 16 horas, num 16 de junho – mas de 1904. Revolucionário, enlouquecedor... As honras às páginas de “Ulysses” são inquestionáveis, mas dizem as más línguas que o livro é pouco lido. Será? Bem, os livreiros garantem: este leitor existe, sim! “Muita gente não gosta (da obra) por causa da grossura (cerca de mil páginas, conforme a edição). Mas a venda é fácil. Já tive até edição em inglês e foi vendida. Eu não li. Não é a linha da minha leitura”, justifica o proprietário da Livraria Amadeu, Lourenço Carrato.    “Pois é... É um leitor que procura o estudo da literatura”, sugere o proprietário da Livraria Asa de Papel, Álvaro Gentil. Ele também confessa: não leu tudo. “Seria uma mentira desnecessária dizer que li”, diz, sincero. Na segunda-feira, aliás, Gentil organiza uma leitura aberta dos contos “Dublinenses”, de Joyce, às 19h (rua Piauí, 631, Santa Efigênia).    “Joyce é do povo. Ele não queria ficar fechado nas academias. Queria estar na rua”, diz a diretora da Oficcina Multimédia, Ione de Medeiros, que leu “Ulysses”, há algumas décadas, após deixá-lo de molho na estante. Sim, Ione leu! Se encantou, e é dela a ideia das edições mineiras do Bloomsday, há 24 anos – na segunda, 16, com o tema “Chuvas de James Joyce”, na Casa Una (rua Aimorés, 1.451, Lourdes), das 18 às 22h.    Mas e o leitor de hoje, cadê ele? Mais uma meta para essa odisseia de matéria. “Indico apenas aos corajosos”, aconselha a estudante de Letras na UFMG, Mariana Raabe, de 25 anos, na livraria da universidade. “Li inteiro nas férias. Achei que ia morrer. É muito difícil, mas é muito bom. Joyce não é o ‘cara’ que conta as coisas, mostra”, aponta. E comemora: “Desvendei o labirinto de Ulysses. Ao final, dá uma sensação de ‘ufa, acabou!”. Mas, calma lá, avisa a jovem: “Ulysses nunca se esgota”. 

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