Orlando Silva, 'o cantor das multidões', completaria cem anos neste sábado

Hoje em Dia
02/10/2015 às 12:58.
Atualizado em 17/11/2021 às 01:55
 (Reprodução)

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Considerado um dos maiores cantores brasileiros do século XX, Orlando Silva (1915-1978) completaria cem anos de idade neste sábado (3). Integrante da Época de Ouro da música brasileira, o carioca nascido no bairro do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro, em 1915, deixou um legado marcante para a música brasileira.

A data é marcada por algumas homenagens ao cantor das multidões. A Rádio Batuta (radiobatuta.com.br), do Instituto Moreira Salles, preparou o documentário “Orlando Silva – A voz e a vida”, São cinco capítulos lançados, um a cada dia, entre 29 de setembro e 3 de outubro. O documentário ficará permanentemente disponível na página da rádio.

Uma exposição sobre o cantor será aberta, neste sábado (3), no Instituto Cravo Albin, no Rio de Janeiro. No dia 7, a homenagem será na Academia Brasileira de Letras. O centenário de nascimento de Orlando Silva vai contar com um tributo - ainda em fase de gravação – realizado pelo cantor cearense radicado em São Paulo Zé Guilherme, que dedica seu terceiro álbum ao repertório de Orlando.

Entre as gravações marcantes de Orlando Silva estão: “Carinhoso” (Pixinguinha e João de Barro), “Rosa” (Pixinguinha e Otávio de Souza), “Lábios que beijei” (J. Cascata e Leonel Azevedo), “Juramento falso” (J. Cascata e Leonel Azevedo), “Aos pés da cruz” (Zé da Zilda e Marino Pinto), “A primeira vez” (Bide e Marçal), “Nada além” (Custódio Mesquita e Mário Lago) e “Atire a primeira pedra” (Ataulfo Alves e Mário Lago).

 

Trajetória

Orlando Silva teve uma infância pobre e sofrida. Seu pai era funcionário de uma ferrovia e morreu muito cedo, vitimado pela gripe espanhola, quando Orlando tinha apenas três anos de idade. O menino não pode estudar por muito tempo, precisou logo trabalhar. Entregava marmitas nas redondezas do bairro em que morava e fazia isso descalço, porque não tinha sapatos.

Aos 16 anos, Orlando sofreu um grave acidente, caindo de um bonde em movimento quando voltava do trabalho. Perdeu um quarto de seu pé esquerdo e ficou internado por alguns meses, com muitas dores. Por conta desta internação longa, perdeu seu emprego de balconista, mas logo foi trabalhar como cobrador numa empresa de ônibus. Em um final de tarde, na garagem da empresa em que trabalhava, Orlando começou a cantarolar e logo os funcionários pararam para ouvir. Depois disto, ele passou a cantar todos os dias depois do expediente.

Um amigo disse que já estava na hora de se tornar cantor profissional. Para isso, precisaria ser contratado por uma rádio e foi Luiz Barboza, produtor da Rádio Cajuti que o recebeu para um teste. Orlando entrou no estúdio e cantou a valsa “Céu Moreno” de Uriel Lourival. Sua voz foi ouvida por um descobridor de talentos, o compositor Bororó, que levou o garoto para ser ouvido por Francisco Alves.

Em 1937 Orlando Silva já era uma das maiores estrelas da RCA Victor, gravadora de artistas com Carmem Miranda, Silvio Caldas e Chico Alves. Além disso, era uma das principais atrações da Rádio Nacional, cujo sucesso ajudou a fazer e a consolidar. Era disputado pelos grandes compositores da época. Neste mesmo ano gravou duas faixas memoráveis, uma de cada lado do LP: “Lábios que eu beijei”, de J. Cascata e Leonel Azevedo e “Juramento Falso”, de Pedro Caetano, e ambas tiveram arranjo do grande maestro Radamés Gnatalli.

Neste mesmo ano, gravou o LP antológico que tinha no lado A “Carinhoso”, de Pixinguinha, com letra de Braguinha, e no lado B “Rosa”, de Pixinguinha e Otávio Souza. Em 1946, a Rádio Nacional, que lhe devia parte de sua grande audiência, o despediu e a gravadora Odeon o demitiu. No início dos anos 50, a Rádio Nacional o chamou de volta, e as gravadoras também. Mas a fase áurea dos cantores do rádio havia passado.

 

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