Orquestra Sinfônica de Minas homenageia Milton Nascimento

Patrícia Cassese - Hoje em Dia
02/08/2014 às 12:08.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:37
Homenagem a Bituca terá vocais e piano de Rafa Castro, com participação de Maurício Tizumba (Divulgação)

Homenagem a Bituca terá vocais e piano de Rafa Castro, com participação de Maurício Tizumba (Divulgação)

A agenda continua lotada. “Semana que vem vou para a Polônia, participar de um evento no qual terei o incrível privilégio de dividir o palco com Esperanza Spalding, Wayne Shorter e Herbie Hancock”, compartilha Milton Nascimento, sem esconder a expectativa. “Será uma noite mágica poder estar junto a meus amigos nesse concerto”. Não bastasse, em novembro ele já embarca de novo, desta vez com destino aos Estados Unidos. “Vou fazer, com a minha banda, uma turnê de costa a costa”.

Achou que já seria o suficiente? “Também pretendo lançar um disco de inéditas ainda este ano”, promete o cantor e compositor que, no entanto, encontrou uma brecha na sua agenda para adicionar mais uma homenagem ao seu currículo.

Neste sábado (2) e domingo (3), a série “Sinfônica Pop” rende reverência ao repertório de “Bituca”. Pela primeira vez, a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais leva esse que é um verdadeiro totem da música popular brasileira ao palco do Grande Teatro.

Milton vai interpretar músicas de seu repertório, acompanhado também pelo Coral Lírico de Minas Gerais e pelo Coral Infantojuvenil Palácio das Artes, sob a regência de Marcelo Ramos e Lincoln Andrade.

A OSMG dará início ao concerto com “Suíte Minas Gerais”, composta pelo maestro Marcelo Ramos, em 2004, e que celebra grandes nomes da música como o próprio Milton Nascimento, além de outros mineiros, como Ary Barroso e Paulinho Pedra Azul, assim como Caetano Veloso e Renato Russo.

O concerto traz também um pot-pourri especial, composto pelo maestro Lincoln Andrade, reunindo músicas como “Ponta de Areia”, “Estrela, Estrela”, “Nos Bailes da Vida” e “Paula e Bebeto”.

Homenagens, tributos, não são propriamente novidade na trajetória do artista. O que não significa que ele não se deixe levar pela emoção ante as tantas reverências. “Quando recebi o prêmio Raça Negra, em 2010, na sala São Paulo, por exemplo, foi uma dificuldade extrema, depois de tanta emoção, eu não ter desabado”, confessa.

‘Sem Salomão, tudo teria sido diferente’

O ponto alto do espetáculo está guardado para o encerramento. Duas das mais conhecidas e aclamadas composições de Milton Nascimento, reunirão a Orquestra Sinfônica de Minas Gerais, Coral Lírico de Minas Gerais e Coral Infantojuvenil para interpretar “Travessia” e “Maria, Maria”.

Milton Nascimento conta que o repertório foi conversado “com todas as pessoas envolvidas” no “Sinfônica Pop”. “Dessa forma, pudemos chegar a um resultado que agradasse a todos”, pondera. “Geralmente, gosto de trabalhar em conjunto com o Wilson Lopes, nosso diretor musical mas, neste caso dos shows deste fim de semana em Belo Horizonte, também conversamos com essas outras partes”.

O diálogo com a capital mineira é sempre motivo de prazer para esse “mineiro” que já há um bom tempo fixou residência no Rio de Janeiro. “Posso dizer que, como tenho muitos amigos na cidade (e sem falar também que metade da minha banda é belo-horizontina), sempre que vou aí, sou convidado para ver alguma coisa. E muita gente tem me surpreendido!”.

Mas, infelizmente, a estreita relação com a cidade registrou um baque recente: a morte de Salomão Borges, o patriarca de uma das famílias mais musicais da cidade. “Quando cheguei a BH, em 1962, os Borges me receberam de forma tão espetacular que vou ser grato para sempre. Marilton e Marcinho foram dois anjos no começo da minha caminhada, depois veio Lô, e assim foi indo, com todos. Mas quando falo na pessoa de Salomão nada mais me vem à cabeça do que uma só palavra: coração. Sem dúvida, foi uma das pessoas mais impressionantes que convivi e, sobretudo, com quem pude aprender muita coisa. Sem ele, as coisas teriam sido diferentes, não tenho dúvida”.

“Sinfônica Pop”, com Milton Nascimento e banda – Neste sábado (2), 20h30, domingo (3), às 19h, no Grande Teatro do Palácio das Artes (av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos esgotados. www.fcs.mg.gov.br

 

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