Os 120 anos de nascimento poeta Cecília Meireles são tema de palestra da Academia Mineira de Letras

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
24/03/2021 às 19:51.
Atualizado em 05/12/2021 às 04:30
 (ACERVO CECÍLIA MEIRELES/DIVULGAÇÃO)

(ACERVO CECÍLIA MEIRELES/DIVULGAÇÃO)

Cecília Meireles não gostava do termo poetisa para definir as mulheres que enveredaram por este gênero literário. “Ela achava que era discriminação. Apesar disso, ela não sofreu preconceito como outras escritoras brasileiras”, registra Artur Laizo, presidente da Liga de Escritores, Ilustradores e Autores de Juiz de Fora.

Também cirurgião intensivista, fazendo uma dobradinha que já teve nomes ilustres, como Guimarães Rosa e Pedro Nava, Laizo ministra palestra sobre a escritora carioca, que completaria, em novembro, 120 anos de vida. O vídeo será disponibilizado a partir de hoje, às 11h, no canal do YouTube da Academia Mineira de Letras.

“Ela brilhou numa época difícil, imprimindo a sua marca ao lutar por causas importantes, como brigar para que as escolas públicas tivessem bibliotecas”, sublinha o escritor, para quem Cecília encampou as características da segunda fase do modernismo, ao se valer de versos livres em que o eu lírico fala muito do próprio sentimento.

Entre os principais trabalhos de Cecília Meireles está “Romanceiro da Inconfidência”, em que trata os insurgentes da Coroa portuguesa, liderados por Tiradentes, como heróis. Lançado em 1953, o livro também faz um retrato do início da colonização a partir do século XVII, até chegar à eclosão da Inconfidência Mineira.

Como Cecília, que publicou o seu primeiro livro aos 18 anos, com “Espectros”, Laizo também começou cedo na literatura. Com dez anos já tinha escrito os primeiros poemas. “Depois descobri Manoel Bandeira, que foi minha principal influência. Como Cecília, ele era modernista, tendo participado da Semana de Arte Moderna de 1922”.

Cecilia cunhou frases memoráveis, como no poema “Motivo”, em que parece falar dela mesma ao escrever “Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta”. Outra frase célebre é “Aprendi com as primaveras a deixar-me cortar e a voltar sempre inteira”, extraída do poema “Desenho”.

Ela foi uma grande defensora do folclore e teoria educacional. Em 1934, Cecília fundou a primeira biblioteca infantil no Rio de Janeiro. E foi fundamental para levar a cultura do país para a Europa, onde realizou conferências sobre educação e folclore.

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