Oscar marcado pela falta de diversidade e de um grande favorito

AFP
27/02/2016 às 16:11.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:36
 (Divulgação)

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Hollywood realiza neste domingo (28) a cerimônia da entrega do Oscar, que este ano se mostra muito dividido entre produções como "O Regresso", "Spotlight" e a "A Grande Aposta", que têm as mesmas possibilidades de ganharo prêmio de Melhor Filme do ano.

"O Regresso" se aproxima mais da condição de favorito com suas 12 indicações e a expectativa de que seu protagonista, Leonardo DiCaprio, finalmente seja premiado com um Oscar. Esperança também para o Brasil, que estará representado por "O menino e o mundo", filme de animação de Ale Abreu.

Mas é a palavra "diversidade" que vai marcar a premiação ante a polêmica sempre presente na indústria do cinema de que a tendência de que os artistas indicados sejam todos brancos. Nenhum ator ou atriz de minoria foi indicado pelo segundo ano consecutivo, o que provocou protestos contra a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, entidade que organiza o Oscar.

Darnell Hunt, líder do Centro para Estudos Afro-Americanos Ralph J. Bunche da Universidade da Califórnia em Los Angeles, descreve a polêmica - tema de uma campanha nas redes sociais com a hashtag #OscarsSoWhite (Oscar tão branco) - como "o mesmo de sempre". "Hollywood é uma indústria muito isolada. Está dominada por homens brancos. Sempre foi assim. Tendem a ficar perto das pessoas com as quais sentem-se cômodos", disse à AFP.

Responsabilidade pessoal

Hunt afirma que Hollywood pode, inclusive, estar perdendo oportunidades de negócios, porque um filme com elenco relativamente diversificado arrecadaria mais na bilheteria e o investimento teria um retorno maior.

A direção da Academia, que tenta superar as acusações de racismo institucional, anunciou que até 2020 vai dobrar o número de mulheres e indivíduos pertencentes a minorias entre os membros votantes. Atualmente, tais grupos estão representados em 24% e 7%, respectivamente.

Todos os olhos da cerimônia do próximo domingo, 28 de fevereiro, estarão voltados para o comediante e ator Chris Rock, negro, que será o apresentador do Oscar, apesar dos muitos pedidos para que boicotasse a premiação.

Analistas acreditam que o artista de 51 anos não evitará a polêmica e deve utilizá-la durante a cerimônia. Rock reescreveu seu roteiro depois que a atriz Jada Pinkett Smith anunciou que não compareceria ao evento.

"No Oscar, as pessoas de cor sempre são bem-vindas no momento de entregar prêmios, ou inclusive para entreter", afirmou Pinkett Smith, de 44 anos. "Mas quase nunca nos reconhecem por nossas conquistas artísticas. As pessoas de cor deveriam deixar de participar nestes eventos?".
Agora que a temporada de prêmios está no auge, muitas pessoas importantes em Hollywood comentam o tema.

"Penso que isto se reduz a uma questão de responsabilidade, responsabilidade pessoal", disse o diretor do filme "Spotlight", Tom McCarthy, à imprensa durante o almoço em homenagem aos indicados em Los Angeles. "Isto apresenta a grande pergunta: O que podemos fazer? Todos temos que fazer a nossa parte. Cada escritor, diretor, ator, produtor e espectador".

Apartheid institucional

O veterano Sylvester Stallone, indicado na categoria ator coadjuvante, revelou no mesmo evento que pensou em boicotar o Oscar ao ficar sabendo que nenhum artista negro do filme "Creed" havia sido indicado ao Oscar.

O diretor de "Mad Max", George Miller, recebeu com agrado o debate, mas afirmou que na realidade já era história antiga. A Coalizão de Meios Multiétnicos, um grupo de pressão que desde o ano 2000 se reúne anualmente com os quatro principais canais de televisão dos Estados Unidos, anunciou em um comunicado que iniciou conversas com os grandes estúdios de Hollywood sobre o tema diversidade.

"Nós superamos fronteiras na televisão e voltaremos a fazer no cinema", disse Alex Nogales, da National Hispanic Media Coalition, uma coalizão de organizações latinas que integra o grupo. A 88ª cerimônia do Oscar começará às 17H30 (23h Brasília) no coração de Hollywood, depois de mais de três horas de tapete vermelho.


 

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