(Myrian Vilas Boas/ Divulgação)
Nem foi preciso formular a pergunta. Ao longo do bate-papo com o Hoje em Dia, o violonista Geraldo Vianna foi elencando, espontaneamente, as qualidades de um parceiro cuja ausência ainda não se habituou: Fernando Brant. “Empolgado”, “alegre”, “positivo” ou “extremamente otimista” foram algumas das características que emergiram na entrevista referente ao disco “Mariana Brant interpreta Geraldo Vianna e Fernando Brant”.
A história deste álbum guarda um je ne sais quoi de tristeza, por conta do desenlace inesperado. Pensado para celebrar a parceria de 15 anos de Brant e Vianna, o disco já estava com data marcada para o lançamento em show: dia 5 de julho.
As fotos de divulgação já estavam feitas e os ensaios, marcados. Mas vieram os problemas decorrentes do transplante a que Brant se submeteu e, em junho, a música mineira – e brasileira, mundial – perdeu um de seus grandes poetas.
Abalados, Mariana e Geraldo optaram, claro, por cancelar o lançamento. E Vianna cogitou arquivar de vez a ideia. Para sorte do grande público, foi dissuadido pela própria família de Brant, bem como por amigos músicos. Sim, haverá o espetáculo de lançamento – e este acontecerá no dia 8 de outubro, véspera do aniversário do compositor ícone do Clube da Esquina.
No palco do Teatro Sesiminas, além do repertório do CD, que ocupará a primeira parte do programa, uma surpresa e tanto: na segunda, a Orquestra de Cordas do Sesiminas, sob a batuta de Marco Antônio Drummond, vai executar “I Fioretti – Fantasia Para um Homem Bom”, peça inédita, composta para dois violões, a partir do documento de pessoas que conviveram com São Francisco de Assis.
Mas, nesse caso, Vianna vai declinar de ser a pessoa por trás de um dos violões. “Essa execução é mais virtuosística, e acho que seria difícil (emocionalmente falando) para mim”, admite ele, que convidou os não menos talentosos Fernando Araújo e Tabajara Belo, para se apresentarem ao lado de Bárbara Penido.
Na primeira parte, dedicada ao disco, aí sim, Vianna estará no palco, ao lado de Mariana Brant, e com Cristiano Caldas no posto que, no CD, ficou com Kiko Continentino.
Instado a falar sobre o repertório do CD, Vianna detém-se sobre duas faixas: “Cinema” e “Carpe Diem”. “No caso de ‘Cinema’, porque trata de uma paixão que tínhamos em comum, e porque a achávamos especial, por sua linguagem harmônica e melódica”. “Carpe Diem”, ele considera igualmente forte. Mas especifica: “Há algo que me pega, ali, uma coisa positiva. Acho que, nela, Brant se mostra como era. Ele era aquilo ali”, diz, saudoso.