Parentes, amigos e personagens se despedem de Eduardo Coutinho

Folhapress
03/02/2014 às 16:47.
Atualizado em 20/11/2021 às 15:46
 (Nilton Silva/Divulgação)

(Nilton Silva/Divulgação)

RIO DE JANEIRO - Familiares, amigos e personagens de documentários de Eduardo Coutinho prestaram sua última homenagem no velório do cineasta, nesta segunda-feira (3), no cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul do Rio.

O diretor Luiz Carlos Barreto ressaltou a importância de Coutinho na criação de uma nova identidade para o documentário brasileiro, bastante ligada às demandas sociais. "O Coutinho deu ao documentário uma importância social, revolucionando também a linguagem desse tipo de filme. Temos hoje uma escola surgida da obra de Coutinho. O João Moreira Salles, que é um grande documentarista, por exemplo, é um discípulo dele", disse Barreto.

João Moreira Salles era um dos amigos presentes no velório, mas preferiu não falar com a imprensa, assim como o poeta Armando Freitas Filho, amigo pessoal de Coutinho. O documentarista será sepultado às 16 horas.

Sobre a obra do documentarista, Barreto destacou "O cabra marcado para morrer" como a mais importante. "Eu considero todos os seus filmes uma obra prima. No 'Cabra' eu chorei do começo ao fim. Eu recomendo que todo brasileiro assista 'O Cabra' pelo menos uma vez por mês. O nosso amigo se foi, mas a sua obra não morrerá", disse.

Segundo Barreto, Coutinho era reservado e pouco falava de sua vida pessoal. Ele disse que sabia que Daniel, o filho de Coutinho, sofria de algum problema psicológico, mas os amigos pouco falavam sobre o assunto. Disse que, à despeito da reserva com relação à sua vida privada, um dos desejos do pai era ver o filho curado. Ele disse não saber que tipo de problema o rapaz sofria.

Segundo a polícia Civil do Rio, Daniel matou o pai a facadas durante um surto de esquizofrenia. A mãe, esposa de Coutinho, foi atacada também e se encontra internada em estado grave.

Surpresa e homenagem

A irmã de Coutinho, Eloisa Oliveira Coutinho, afirmou no velório que até para os parentes o documentarista pouco falava sobre sua vida pessoal. Ela, que disse morar em São Paulo, afirmou ter quase nenhum contato com o sobrinho e disse não saber da suposta doença do rapaz. "Foi uma surpresa para todo mundo. O Coutinho sempre levou uma vida muito discreta. Ele foi um ótimo irmão, sempre muito engraçado e generoso. Nunca negou apoio. Sempre foi lembrado por sua obra e, infelizmente, agora por essa tragédia", afirmou Eloisa.

A professora aposentada Vera Lúcia Savelle é a primeira personagem do documentário "Edifício Master" a aparecer no filme. Ela foi ao cemitério prestar sua solidariedade à família.

Ela carregava uma foto segurando uma réplica da estatueta do prêmio Kikito de Cristal, concedido a Coutinho no festival de Gramado e, 2007 pelo conjunto da obra. Segundo Vera, o síndico do Master mandou fazer uma réplica e guarda até hoje a estatueta no edifício.

No filme, Vera conta a história de sua mãe, que alugava apartamentos por temporada no Master. Vera elogiou à maneira como Coutinho explicou o projeto aos moradores e conduziu as entrevistas. A sua, contou, durou cerca de duas horas.

"E toda hora tinha que interromper porque os cachorro latiam, as crianças chamavam, mas ele nunca se aborrecia. A equipe toda era ótima, muito brincalhona e amável. Era o próprio Coutinho quem abordava os moradores e explicava o filme. Fiquei sabendo pela TV da morte dele e vim dar meu último adeus", disse.

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