Passeio sentimental pelas ruas do Santo Antônio norteia livro de memórias

Hoje em Dia*
13/04/2015 às 12:40.
Atualizado em 16/11/2021 às 23:37
 (Divulgação)

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Eliane Marta nasceu na rua Carangola, 297. Lá, como manda a tradição, seu cordão umbilical foi enterrado ao pé de uma roseira. Com ou sem superstição, o ritual é o que melhor simboliza a ligação dela com o bairro Santo Antônio. A professora emérita da UFMG não tira o pé – nem a cabeça – do lugar. Tanto que, em conversa informal com José Eduardo Gonçalves, um dos idealizadores da coleção “BH. A Cidade de Cada Um”, se ofereceu para escrever o volume sobre o bairro. Em seis meses, a obra estava pronta.

“Era um lugar simples, de gente simples. As casas eram pequenas, na sua maioria, modestas”, rememora, citando o tempo em que ainda havia sabiás, que acabaram despejados pela especulação imobiliária. Um clima interiorano em meio à capital. “Quando nasci, os adultos nascidos em BH estavam na casa dos 40. A maioria vinha do interior”, explica a autora, que ainda se lembra do gosto do café fraco, já adoçado. Se ainda há algum resquício deste clima? “Talvez, talvez”. Para ela, pode ser que tenha ficado uma certa sociabilidade, sobretudo nos comércios alimentícios, como padarias, lanchonetes.

A Fafich, que já foi tema de um volume da coleção, também está neste. Com ela, o Santo Antônio passou da pachorra cultural para um bairro que aceitava o desafio de ser intelectual. “Com a chegada dos faficheiros, deixamos de ser ingênuos”, recorda Eliane.

No período da Ditadura, PMs entraram em cena. O livro de Eliane vai além da cartografia da cidade e inclui até a Igreja Santo Antônio, que não faz mais parte do desenho do bairro. Não oficialmente. “As linhas da cartografia não importam, o que me interessa são as linhas sentimentais”.

Tão bem como a fotografia de José Goés que estampa a obra, a frase “aqui fomos felizes”, pichada em uma das paredes do bairro, dialoga, com a crônica afetiva de Eliane – tanto que a autora a cita em uma passagem.

Em Tiradentes

Outro livro lançado no sábado (11), no Centro Cultural Yves Alves, em Tiradentes, é “Recortes de Memórias”, parte do projeto Educação Patrimonial, parceria com o Instituto Histórico e Geográfico de Tiradentes e o BNDES.

De autoria de Luiz Antonio da Cruz, com fotografias de Eugênio Sávio e do acervo do autor, a obra retrata ambientes urbanos e seu patrimônio natural e paisagens urbanas do Campo das Vertentes. Para tanto, foi necessária uma pesquisa sobre fatos históricos, sua repercussão e influência na sociedade, além de buscar tradições passadas e sua continuidade na vida e memória das pessoas e dos lugares.

* Colaborou Alex de Bessas/ Especial para o Hoje em Dia 

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