Patrícia Siqueira estreia o espetáculo solo 'Maçarico', que mistura dança e teatro

Lucas Buzatti
lbuzatti@hojeemdia.com.br
28/11/2017 às 17:44.
Atualizado em 02/11/2021 às 23:56
 (Luiza Palhares/Divulgação)

(Luiza Palhares/Divulgação)

O que é a solidão na era do virtual? O que nos faz querer se relacionar com o outro atualmente? O que estamos buscando como indivíduos e enquanto sociedade? Essas são algumas perguntas levantadas pela narrativa poética de “Maçarico”, espetáculo solo da atriz e bailarina Patrícia Siqueira. Com direção de Ludmilla Ramalho e dramaturgia de Daniel Toledo, a peça que mistura dança, teatro e performance estreia nesta quarta (29) e vai até a próxima segunda-feira (4), no CCBB-BH.

O espetáculo surgiu da busca de Siqueira por dar vazão às suas necessidades artísticas, combinada com a observação sobre a solidão nos tempos atuais. “Esse tema me persegue há algum tempo. Venho observando pessoas que se dizem sozinhas e que estão muito bem à sua maneira, na sua solidão. Há, também, essa dicotomia de estarmos cercados por milhares de pessoas na internet e, ao mesmo tempo, nos sentirmos cada vez mais sozinhos. Afinal, se conectar é diferente de se relacionar”, reflete a artista, que sublinha o fato de sempre ter trabalhado em coletivos, companhias de dança e grupos de teatro, “até que surgiu o momento em que minhas urgências artísticas individuais cresceram”. 

Criação

Atravessada pelas artes cênicas, Siqueira quis que o espetáculo fosse norteado por uma dramaturgia e contasse com direção de teatro. “Partimos da persona de uma mulher que estava em uma festa de gala e, de repente, se vê sozinha, depois do fim do mundo. Sem seus pares, ela vai tentando lidar com essa solidão. O espetáculo é um caminhar, e essa caminhante se transforma, afetando e sendo afetada por seu trajeto. Ela e o caminho vão mudando, como é a vida”, afirma Ludmilla Ramalho. “Já o maçarico (uma espécie de ave) é o elemento da natureza com o qual ela estabelece uma relação. O pássaro aparece e ela percebe que não está mais sozinha e que tem uma possibilidade de se relacionar. Mas o que é se relacionar hoje?”, instiga. 

Para Ramalho, o papel da direção foi o de estabelecer diálogos potentes entre as linguagens presentes no espetáculo, como a dança, o teatro, a performance e a música. “O solo está no diálogo entre fronteiras, não há hierarquia de linguagens. É o trabalho quem diz o que ele é, e não nós”, afirma.

Para Daniel Toledo, nesse sentido, um dos principais desafios foi criar uma dramaturgia que não partisse necessariamente do texto. “Para mim, a grande novidade foi pensar uma narrativa que não está na palavra. Uma narrativa simples, mas que se instaura. Você percebe um caminho acontecendo em cena, diferente do tempo da dança, que é mais circular. Ali, criam-se vários sentidos a partir do corpo, abrindo sentidos para esse lugar da relação entre a natureza e a civilização”, sublinha.

Serviço: Temporada de estreia de“Maçarico”. Desta quarta-feira (29) a segunda-feira (4), às 19h, no CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450, Funcionários). Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

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