
Em meio a lojas, prédios comerciais e bares, um endereço no hipercentro de Belo Horizonte abrigará uma atração inusitada para quem passar pelo endereço nas tardes de segunda, quarta e sexta, pelas próximas quatro semanas, com a encenação de atos de 15 minutos que compõem a intervenção “Centrão BH”.
“É uma galeria de teatro”. Assim a atriz e dramaturga Rita Clemente define a loja que estava desocupada no número 1.225 da rua São Paulo, onde comandará a iniciativa cultural inusitada e pioneira. “Estamos curiosos quanto à recepção do público, que pode entrar, observar, ficar por 15 minutos ou só um minuto e sair”, antecipa a artista, ao falar do espaço de instalações audiovisuais, cênicas e pictóricas que sediará a montagem de três atos da peça “Para Desencadear Reviravoltas na Indonésia”.
A ideia do formato e da ambientação vem como retribuição da artista para o objeto que a inspirou. “O centrão é um lugar vivo, cheio de cheiros, luzes, e muitas vezes nos restringimos a nichos foras dali. Então, quando perambulei por lá, me propus os questionamentos de como essas pessoas que passam por ali vêem uma manifestação artística que esteja à disposição delas, sem que tenham que ir a um lugar fora desse cotidiano ou esperar um projeto de descentralização”, justifica Rita Clemente, que quis camuflar esta intervenção dentro dos estabelecimentos que a cercam. “Não se trata de um teatro de rua, de uma apropriação da rua. O intuito é que esse espaço se torne uma parte daquele ambiente”.
Enredo
O ato 1 ocorrerá às segundas. O ato 2, às quartas, e o ato 3, às terças, sempre às 13h15, às 15h15 e às 18h15. Cada sessão receberá até 15 espectadores, que pegarão senhas antes. O ato final só será apresentado durante a montagem da peça como um todo, no início do ano que vem.
Também será lançado um livro com a história completa envolvendo um motoboy que se encontra com a mãe que acaba de perder os dois filhos de forma abrupta e ao acaso: um vítima de acidente de trânsito e o outro, de uma bala perdida.
O conjunto das quatro peças recebe o título de “Bala Perdida”, projeto que Rita Clemente rebatizou em face da alta incidência de casos que têm vitimado pessoas no Brasil. Ela diz, no entanto, que a analogia proposta se refere a eventos que se encontram por acaso e interferem na vida de outras pessoas acidentalmente.
“Só temos notícia de uma bala perdida porque ela chega a algum lugar específico”, observa Rita Clemente, que também utiliza o elemento dentro da história trágica que chegará a seu final.
Serviço
Centrão BH – Óperas Urbanas
30 de setembro a 25 de outubro, Loja/Galeria (R. São Paulo, 1.225 - Centro)
Sessões às segundas, quartas e sextas, às 13h15, às 15h15 e às 18h15 Entrada gratuita (mediante retirada de senha)