Peça discute maternidade além dos estereótipos

Jéssica Malta
jcouto@hojeemdia.com.br
04/04/2018 às 14:44.
Atualizado em 03/11/2021 às 02:10
 (MARCO AURÉLIO PRATES/DIVULGAÇÃO)

(MARCO AURÉLIO PRATES/DIVULGAÇÃO)

O pole dance é a peça central do espetáculo “Ondas De Onde Parto”, que fica em cartaz de sábado até 20 de abril no Teatro Assembleia e aborda questões relacionadas à maternidade. A mistura, que pode parecer inusitada à primeira vista é justificada, já que o estilo de dança ganha vários contornos e significados. “Minhas amigas do pole dance acham curioso, mas trabalhamos com ele como uma ferramenta, um elemento cênico para contar a história”, explica a atriz Mariana Rabelo.

Embora a dança ganhe essas diferentes facetas, a sua relação com a obra é ainda mais intensa, já que marca a própria origem da produção – um desdobramento da cena curta “Ponto do Prazer”, feita pela atriz e os diretores Fernando Barcelos e Letícia Castilho. “Eu tinha vontade de fazer algum trabalho que falasse da minha experiência como mãe, das minhas transformações como artista e mulher depois da maternidade. Queria também que tivesse em cena o pole dance, que era um aparelho que eu estava trabalhando e estava apaixonada”, conta a atriz.

Ampliando o impacto causado pela cena curta, onde ela relatava a experiência do trabalho de parto enquanto “dançava” no pole dance – uma provocação feita pelo diretor Fernando Barcelos, que seguiu sozinho na direção do espetáculo– a peça surgiu. “Convidamos a Letícia Andrade para fazer a dramaturgia ainda com o tema da maternidade e das transformações que acontecem depois que nos tornamos mães”, diz Rabelo.

Em tom de relato, a montagem se constrói a partir da narração de cartas que descrevem as alegrias e percalços da maternidade. “São cartas para minha mãe, para a minha filha, para o médico”, enumera a atriz. “Falo de todos os momentos: da gravidez, do parto, da criação, da primeira infância, da experiência de ser mãe solo e também das mães que optam por não terem filhos; do significado percebido nisso depois da maternidade”, sublinha.

Com elementos que incluem dança, teatro e até mesmo circo, a produção se configura em um território de cumplicidade. “Eu também sou palhaça, então o tempo todo há uma troca com o público, um diálogo mesmo, onde faço perguntas direcionadas para mulheres e homens. Não como uma coisa interativa, mas é algo bem próximo. Justamente por isso escolhemos também teatros menores”, pontua Rabelo. “O diretor até brinca dizendo que apesar de não ser mãe sabe exatamente quando existe uma na platéia, porque ela vira minha cúmplice automaticamente, já que compreende o que estou falando”, conta.

A atriz ressalta também a questão política presente na peça. “Ele tem essa pegada, falamos de como é ser uma mãe solo, como é a vida dessa mulher na sociedade”, afirma.

Reforçando a relação com as mães, o espetáculo também ganha uma sessão voltada a mulheres com bebês, no dia 21 de abril, às 16h. “Às vezes elas acabam não saindo muito de casa, então vamos fazer essa sessão para elas possam ir ao teatro, ter um momento de lazer e reflexão, mesmo estando com bebês de colo”, explica Rabelo.

Serviço: “Ondas De Onde Parto”, no Teatro da Assembléia (Rua Rodrigues Caldas, 30 – Santo Agostinho), de 7 a 22 de abril, às 20h nas sextas e sábados e às 19h aos domingos. Ingressos R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia)

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