Peça 'Eu de Você', com Denise Fraga, reúne 25 relatos reais

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
05/03/2020 às 08:45.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:50
 (Cacá Bernardes/Divulgação)

(Cacá Bernardes/Divulgação)

Denise Fraga confessa que sempre teve muita resistência a fazer monólogos. “Gosto de gente, de contracenar, do pingue-pongue com o outro ator...”, justifica a atriz, que fará curta temporada com a peça “Eu de Você”, a partir de amanhã, no CCBB. Apesar de estar sozinha no palco, ela faz questão de dividir com o público os créditos de “elenco”. 

“Estava sozinha até a estreia (em São Paulo). Agora não estou mais. Esta é uma peça em que tenho uma ligação muito grande com a plateia”, assinala.

Com o cuidado de não dar spoilers, Denise registra que “Eu de Você” é mais do que uma peça. “É uma experiência humana. A partir de histórias reais, a nossa ideia é fazer as pessoas se verem no outro. Não só como em meu ofício de atriz, mas num exercício de alteridade e empatia”.

O pontapé se deu com um chamamento nas redes sociais para que anônimos enviassem histórias de vida. “Não era para contar histórias pitorescas de alguém, como fizemos no (programa) ‘Retrato Falado’, nem precisava ter começo, meio e fim”, explica.

Das 300 histórias que recebeu, Denise selecionou25. A estes relatos juntou trechos de literatura e de canções, de maneira que “um pedaço de vida se trança com um texto de (Carlos) Drummond e Clarice (Lispector) ou uma música de Chico (Buarque)”.

“Agradeço sempre a todas pessoas que nos confiaram as suas histórias. Sinto que elas queriam falar por mim, que eu desse voz a elas. São relatos de melancolia, de solidão. Há uma epidemia melancólica no país com esta vida louca que vivemos”, analisa.

Apesar destas doses de desencanto, há nas histórias o que Denise chama de “estratégias de esperança”. Segundo ela, cada um tenta resolver os problemas do dia a dia, mas as resoluções são individuais. “E são muito criativas e bonitas”, complementa.

A participação do público faz com que se estabeleça uma espécie de ritual, de “disposição para o outro”. Há quem chore ou ria com as situações relatadas, identificando-se muitas vezes não pelo que há de comum, mas pelo diferente, nas palavras da atriz.

As inserções de trechos extraídos de canções e livros têm um propósito: fazer enxergar que a vida acompanhada da arte é melhor. “Se você lê, vai ao cinema e ao teatro, terá muito mais compreensão da vida, de que fazemos parte de algo maior”, destaca.

Ela lembra que chamou dois autores para verem os ensaios, pois receava que poderia estar expondo demais situações muito particulares. “Perguntei para um deles o que tinha sentido e resposta foi: livre. Isso resume o que a arte provoca, ao nos libertar”.

SERVIÇO
“Eu de Você” – Sexta a segunda, às 20h, no CCBB (Praça da Liberdade, 450), até 22 de março. Ingressos: R$ 30 (meia, R$ 15).

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