Peça infanto-juvenil contesta arquétipos dos contos de fada com mulher forte

Bernardo Almeida
01/08/2019 às 08:56.
Atualizado em 05/09/2021 às 19:48

A peça é destinada ao público infanto-juvenil, mas o tema aborda uma questão que exige maturidade. A inversão de valores propagados por contos de fadas e o lugar subserviente destinado às mulheres são o enfoque do espetáculo “Princesa Falalinda, sem papas na língua”, atração do próximo domingo no Teatro do Centro Cultural do Minas Tênis Clube, em única exibição.

A trama mostra uma princesa silenciada desde a infância e que encontra mais problemas à medida em que cresce e tenta se firmar como mulher inteligente, contestadora e independente. Até que, na tentativa de domá-la, o pai arranja um casamento com um príncipe, que destoa do arquétipo de herói ao impedir Falalinda de se expressar. 

A autora da peça é Lívia Gaudencio, dramaturga de “O Trem Companhia de Teatro”. Além de responsável pelo texto, ela interpreta a fase adulta de Falalinda, e usa a ambientação das histórias envolvendo reinos distantes para refutar representações da donzela em perigo, vulnerável e dependente do heroísmo de homens. “Quis construir uma princesa à frente do seu tempo e que vá contra esses padrões hegemônicos”, explica, citando duas animações recentes com protagonismo feminino como inspiração, “Valente” e “Frozen”. 

Pensando nisso, Falalinda é a única personagem que tem nome, enquanto as demais são representação de estereótipos: o príncipe, o rei e a bruxa.
Com uma filha de 6 anos, a autora se vê inquieta diante da necessidade de contrapor a figura fragilizada da mulher desde a infância. Questão que ela juntou à pesquisa dramatúrgica sobre o papel feminino.

“Há uma enxurrada de princesas nas referências culturais que deseducam as meninas à ideia sedutora de esperar por um príncipe, e a mulher que é silenciada ao longo da história, com menos espaço, valorização, e pouca representatividade”, opina Lívia Gaudencio.

Diversão e Conteúdo
A direção é de Cynthia Falabella, que mescla elementos da cultura pop dos anos 80 com aspectos da cultura nórdica, desde a caracterização de Falalinda enquanto guerreira de traços vikings até a trilha sonora com influências celtas. “O grande desafio é como abordar a questão com sensibilidade para uma criança e, ao mesmo tempo, tendo uma força para chegar até elas e divertir. 

A companhia de teatro está em constante trânsito entre Minas e São Paulo. A peça já realizou ensaios abertos, além de uma sessão de pré-estreia em Iracemápolis, interior paulista. 

E a julgar pela reação do público, Lívia Gaudencio acredita ter obtido sucesso em transmitir o tema para a criançada. Segundo ela, os pequenos demonstraram fascínio pela atriz mirim que interpreta a heroína na infância. “O teatro é uma ferramenta de muito acesso à infância e à juventude. A encenação já acessa de forma muito direta o imaginário da criança”. 


Serviço
“Princesa Falalinda, sem papas na língua” - Domingo, às 16h 
Teatro do Centro Cultural Minas Tênis Clube Rua da Bahia, 2244 - Lourdes
Ingressos à venda na bilheteria ou pelo site do teatroR$ 10 e R$ 5 (meia) Classificação indicativa: 6 anos

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