Pernambucana Clara Moreira dá cara ao cinema nacional

Paulo Henrique Silva - Hoje em Dia
16/11/2015 às 07:22.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:29
 (Hoje em Dia)

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Não é preciso mais do que uma mesa, um papel, uma caixa de lápis e um computador. No segundo andar de um apartamento no bairro Grajaú, em Belo Horizonte, está o cartão de visitas de uma parte importante do cinema brasileiro, aquele que vem fazendo bonito em festivais no país e no exterior.

“Bonito” não é só força de expressão. São os desenhos da pernambucana Clara Moreira, casada com o diretor mineiro Sérgio Borges, os responsáveis muitas vezes por atrair o público para a sala de cinema. A arquiteta de formação é autora, por exemplo, do pôster de “Ela Volta na Quinta”, de André Novais, que estampa essa página.

Além da produção local, o seu trabalho está fortemente ligado ao boom do cinema pernambucano, como “Eles Voltam”, de Marcelo Lordello, “Um Lugar ao Sol”, de Gabriel Mascaro, e “O Som ao Redor”, de Kleber Mendonça Filho, listado entre os dez melhores lançamentos de 2012 pelo “New York Times”.
Trabalho começou como hobby nos tempos da faculdade
Era como um hobby. Depois, com o crescimento do cinema pernambucano, o telefone de Clara Moreira não parou mais de tocar, sempre recebendo novos convites para a criação de pôsteres.

“A coisa foi ficando cada vez mais séria. Virou trabalho”, diverte-se Clara, que começou em 2004, com os cartazes do cineclube Barravento, da Universidade Federal de Pernambuco, onde cursava Arquitetura.

O primeiro filme foi o curta “Eisenstein”, em 2006. Logo após veio “Muro”, da mesma produtora (Trincheira), que foi premiado no Festival de Cannes de 2008, na seção Quinzena dos Realizadores.

Casamento

“Não foi só uma geração de diretores que surgiu. Há toda uma indústria ao redor”, registra a designer, que passou a integrar as equipes de Tião, Marcelo Lordello e Gabriel Mascaro, nomes relevantes daquela produção.

O casamento com Sérgio Borges selou, simbolicamente, a ponte com Minas, que já demandara vários trabalhos, como “Girimunho” e “Estrada Real da Cachaça”. Curiosamente, ainda não fez dobradinha com o marido.

Pôster é resultado de um intenso diálogo com os realizadores

Quem pensa que o trabalho de Clara é reservado ao escritório de casa, engana-se completamente. Em “Ela Volta na Quinta”, por exemplo, a designer fez questão de ir a Contagem, especificamente na residência do diretor André Novais, para conhecer o universo do filme.

“O cartaz reproduz um momento dentro do filme, mas pode ser algo de fora também, como uma forma de ampliar o significado dele. Em ‘Eles Voltam’, misturo a imagem de uma menina com o mar ou vento azul, uma metáfora sobre a aventura vivida pela protagonista”, ressalta.

O pôster é resultado de um intenso diálogo com os realizadores. “Os diretores da cena independente querem participar (da criação). Como são super cinéfilos, o cartaz tem um forte significado no imaginário deles. É como se fosse uma peça mítica”, revela Clara.

Sobre a concorrência no setor, ela diz que “nunca percebeu”. Explica que nunca faltou trabalho e que são os artistas, no Brasil e no mundo, que trabalham repetidamente com cinema. Por sinal, além da sétima arte, ela já se ocupa com projetos voltados para literatura e artes plásticas.

O cartaz de Clara para “O Som ao Redor” é um dos vários que foram criados, no país e no exterior. “Quanto mais cartazes, mais visto ele está sendo. Nossa missão é impulsionar a visibilidade do filme”.

A artista pernambucana não tem pudor em cravar o seu trabalho preferido. Em “Muro”, segundo ela, a criação foi um gesto natural do impacto que o curta-metragem teve sobre ela.

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