Planet Hemp: história levada para as telas

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
17/10/2018 às 18:13.
Atualizado em 28/10/2021 às 01:18
 (IMAGEM FILMES/DIVULGAÇÃO)

(IMAGEM FILMES/DIVULGAÇÃO)

Em uma das primeiras vezes que botou os pés em Belo Horizonte, nos anos 90, o grupo carioca Planet Hemp trocou uma casa de espetáculos pela sala de uma delegacia. Os integrantes liderados por Marcelo D2 ficaram detidos por cinco horas, acusados de fazerem apologia à maconha por meio de músicas como “Legalize Já!”, título do filme que entra hoje em cartaz nos cinemas. Dirigido por Johnny Araújo e Gustavo Bonafé, o longa se encerra pouco antes da banda passar por este e outros boletins de ocorrência que povoariam seu currículo. “É uma história sobre encontros, sobre como eles podem mudar nossas vidas”, salienta Bonafé, ao falar do recorte dado pelos roteiristas. Em cena, estão D2 e Skunk, o fundador e grande incentivador da banda que só conhecemos pela biografia, já que ele morreu de Aids quando o Planet começou a fazer shows. É a história dos opostos que se atraem, com o primeiro sendo um poço de rebeldia em seu interior e o segundo cheio de vontade para colocar tudo isso para fora e viver o sonho da música. “O filme é o retrato desse primeiro momento, embrionário, mostrando todas as dificuldades que passaram até chegar ao sucesso”, explica o diretor. Na verdade, o foco nesta amizade foi sugerida pelo próprio D2, ao comentar com os diretores (que assinaram videoclipes do Planet anteriormente) que Skunk surgiu como anjo em sua vida, tirando-o das ruas, onde trabalhava como camelô. A dupla vive um Brasil, o dos anos 90, onde pobre não tinha muita perspectiva de futuro: cenário que o filme não esconde, iniciando-se com uma perseguição policial no centro do Rio de Janeiro. “É engraçado ver como as letras do Planet voltaram a ser muito atuais, em que o pouco que foi conquistado está sendo ameaçado por tempos obscuros”, sublinha Bonafé, que amplia o “legalize já!” do título para o reconhecimento dos direitos de gênero e raça. “O Planet entrou com o pé na porta, usando e abusando da liberdade para falar. Depois deles, ninguém mais na música brasileira teve papas na língua”, registra.

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