Plateia escolhe os caminhos na nova produção de Diego Bagagal

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
20/10/2015 às 08:13.
Atualizado em 17/11/2021 às 02:08
 (Ricardo Bastos)

(Ricardo Bastos)

Há décadas, Belo Horizonte é referência nacional na produção das artes cênicas, especialmente em relação ao teatro de grupo. E tem uma turma jovem que vem contribuindo para que essa relevância permaneça, com novos espetáculos sendo apresentados na capital e Brasil afora. Trabalhos destacados não apenas pela estética, mas também pelas temáticas relevantes e textos expressivos.

Um representante destacado dessa nova geração de atores/dramaturgos é Diego Bagagal, 32 anos, da Madame Teatro, que nesta terça (20) estreia o espetáculo “Shakespeare – Livros para Sobreviver”.

Baseado em texto “Cassandra – 4 lições para a sobrevivência”, do dramaturgo português Mickael de Oliveira, a peça (ou site specific) tem uma proposta bem diferente do que o autor de “Bata-me” e “Pop Love” já fez em sua carreira. Dessa vez, o público não se depara com um texto fechado. A ideia é que o grupo de oito pessoas a cada sessão decida os caminhos do espetáculo, que será encenado em diferentes cômodos do antigo casarão que abriga a Academia Mineira de Letras.

Sete livros

Segundo Bagagal, ele terá sete livros à sua disposição – representando seis personagens criados por William Shakespeare e o dramaturgo inglês em si – e o pequeno público poderá escolher três a serem abordados. Também irão escolher que tom terá a encenação, se por meio das virtudes ou dos pecados dos personagens. Não se trata de improvisação, mas de 19 maneiras diferentes de abordagem.

“Shakespeare tem muito a ver com nosso momento, com o que vivemos na América Latina, com a nossa dicotomia entre o bem e o mal”, diz Bagagal, que acabou mexendo no texto do dramaturgo português, incluindo personagens e propostas de encenação, permitindo que o público contribua com a direção.

“Sinto que, hoje, a dramaturgia tem de ir ao encontro à opinião do público. Isso não é abrir concessões, porque tem a ver com a liberdade do artista. Mas é preciso haver uma maior sinceridade entre artista e plateia”, diz o ator, que já assinou outros seis trabalhos desde 2004. “Dramaturgia é importante, mas ainda é muito importante pensar em quem vai estar em cena e como se vai encenar o texto dramatúrgico”.

“Shakespeare – Livros para Sobreviver” na Academia Mineira de Letras (rua da Bahia, 1.466). Desta terça (20) a 6 de novembro, de terça a sexta. Três apresentações diárias: 19h30, 20h30, 21h30. Público máximo: 8 pessoas/sessão. R$ 40 e R$ 20 (meia)

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