Poesia declamada por Maria Bethânia

Cinthya Oliveira - Hoje em Dia
07/02/2016 às 10:07.
Atualizado em 16/11/2021 às 01:20
 (Paulo Uchôa/Estadão Conteúdo)

(Paulo Uchôa/Estadão Conteúdo)

Não é apenas a rara voz potente e grave que faz de Maria Bethânia uma das maiores cantoras da história da música brasileira. O ato de levar a poesia para seus espetáculos e a bela dramaticidade emprestada a cada verso declamado também são trunfos da artista.
 
Algo que fica ainda mais evidente com o lançamento do DVD “Caderno de Poesias” (Quitanda/Biscoito Fino). Ele traz uma apresentação feita pela artista, em 2013, em Diamantina, especialmente para um projeto da UFMG – o “Sentimentos do Mundo”.
 
O espetáculo “Leituras de Textos” foi desenvolvido pela própria Bethânia a partir de poemas que ela mesma levou para os palcos ao longo de 50 anos de carreira. Ao longo da apresentação, ela se reveza entre declamação de poesia e o canto, acompanhada de dois músicos: Paulo Dafitin (violão e viola) e Carlos César (Percussão).
 
Grandes nomes
 
São poemas de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Castro Alves e Antônio Vieira, que dialogam com trechos de músicas de Gilberto Gil, Paulinho da Viola, Tavinho Moura, Luiz Gonzaga e muitos outros.
 
O fator emotivo é colocado a todo momento. Desde o início, Bethânia posiciona o público que Fernando Pessoa é o poeta mais importante de sua vida – e este é o poeta mais presente entre os 73 trechos de poemas e músicas que compõem o espetáculo.
 
Caetano Veloso, claro, também está muito presente – vale lembrar que a cantora sempre foi a maior divulgadora da obra do irmão.
 
Uma das músicas de Caetano merece um interessante parêntese na apresentação. É “Ciclo”, poema musicado pelo famoso artista e escrito por Nestor de Oliveira, professor ginasial de boa parte dos filhos de Dona Canô em Santo Amaro. É o momento em que a cantora fala sobre educação. “É possível, sim, uma boa educação nas escolas públicas brasileiras”, disse Bethânia, arrancando aplausos empolgados da plateia.
 
A direção do vídeo é de Gringo Cardia, que pega aquele material bruto gravado em Diamantina e lhe dá dinamismo com inserção de imagens de Calasans Neto e letras gráficas para alguns poemas. O problema é ser dinâmico até demais: a poesia pede respiro, pede silêncios, e há poucos no registro.

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