Poeta maranhense é homenageado por vários artistas no CCBB

Thais Oliveira
taoliveira@hojeemdia.com.br
25/05/2016 às 10:25.
Atualizado em 16/11/2021 às 03:36
 (Léo Aversa/Divulgação)

(Léo Aversa/Divulgação)

“Não há, ó gente, ó não/ Luar como esse do sertão”. Há canções que não são simplesmente músicas; são legados. “Luar do Sertão”, certamente, é uma delas. Regravada por diversos artistas, a composição pertence a Catulo da Paixão Cearense (1863-1946), que acabou dividindo a autoria, a contragosto, com João Pernambuco (1863- 1947). Nascido no Maranhão e radicado no Rio de Janeiro a partir dos 17 anos, Catulo era também poeta, portanto, tinha o dom especial de organizar as palavras em versos.

Parceiro de nomes como Villa-Lobos, Ernesto Nazareth, Chiquinha Gonzaga, Irineu de Almeida e Pedro Alcântara, fez dezenas de músicas e publicou ao menos 15 livros. Para reverenciar tal notoriedade do artista, em seus 150 anos de nascimento, começa hoje a série de shows “A Paixão Segundo Catulo: Um Olhar Sobre a Modinha e a Canção Brasileira”, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) de BH.

Idealizado pelo saxofonista, flautista, compositor e arranjador Mário Sève, o projeto convida oito cantores – sempre um homem e uma mulher no palco –, acompanhados pelos instrumentistas Adriano Souza (piano e acordeão), Luiz Otávio Braga (violão de 7 cordas), Dininho (baixo), além de Sève.

Um passeio pela obra

Como lembra o saxofonista, Catulo foi influenciado pelas modinhas, pelo choro, pela valsa e, um pouco, pelo samba. Por este motivo, a proposta dos saraus é, a cada dia, evidenciar um estilo. Na abertura, esta noite, Carol Saboya e Lui Coimbra privilegiarão as canções. Mariana Baltar e Cláudio Nucci cantarão toadas (1º/6); Joyce Moreno e Alfredo Del-Penho apresentarão as modinhas (15/6); e Leila Pinheiro e Rodrigo Maranhão interpretarão valsas seresteiras (22/6).

O repertório dos saraus será composto, ainda, por músicas populares feitas de 1930 a 1960, como “Rosa”, de Pixinguinha, e composições dos intérpretes convidados.

Autor também de “Flor Amorosa”, “Ontem ao Luar”, “Por um Beijo”, “Rasga o Coração”, “Talento” e “Formosura”, Catulo chegou a se apresentar para cinco presidentes da República.

Conhecido por realizar recitais e serestas, na avaliação de Sève, o artista teve grande importância para a música brasileira, especialmente a seresteira. “As letras de Catulo eram verdadeiras poesias românticas”, diz.

Considera-se, contudo, que a maior contribuição dele foi na popularização do violão. Em 1908, Catulo chocou os artistas clássicos ao cantarolar modinhas com o instrumento tido, até então, tido como maldito, na Escola Nacional de Música (RJ). O ato, impensado para aquele tempo, ajudou a popularizar o uso do violão.

Em tempo: os 150 anos de nascimento do compositor estão sendo comemorados neste ano porque ele disse ter nascido em 31 de janeiro de 1866 para ser nomeado no serviço público.

Serviço: “A Paixão Segundo Catulo: Um Olhar Sobre a Modinha e a Canção Brasileira” no CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450), 25/5 e 1º, 15 e 22/6, às 20h. Ingresso: R$ 20 e R$ 10 (meia)

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