Em uma caixa quadrada, de tamanho 16 por 16 centímetros, habita 12 encartes desdobráveis, dez histórias e muitas possibilidades de pintar, recortar e criar. Lançamento da editora Casa da Palavra, “Garota Desdobrável – Contos de papel”, pseudônimo da videocontadora de história Bianca Mól, reúne “Infinito”, “O feitiço do carnaval”, “Sonhos e loucuras de Natal”, “O grande segredo do relicário”, “Sereno”, “O outro pequeno príncipe”, “A história de um sono perdido”, “O primeiro mar”, “Como se fosse mágica” e “Ela só queria ser perfeita”. Todas elas (histórias)  também estão disponíveis em vídeo, via códigos QR e no site: garotadesdobravel.com

Multiartista

Do alto de seus 25 anos, a carioca Bianca escreve, desenha, colore, recorta, monta roteiro, escolhe trilha (com a ajuda da mãe Mirian Lopes), narra, filma e edita seus contos no canal Garota desdobrável.

“Tem uma poesia da Adélia Prado que se chama “Com licença poética”, que cita ‘Mulher é desdobrável. Eu sou’.. Peguei este trecho pra mim e criei o Garota desdobrável, porque o nome se adaptava muito bem ao que eu estava fazendo no canal”, justifica Bianca, que já teve blog com o mesmo nome onde falava de tudo um pouco, mas não se sentia realizada.

A habilidade de escrever e de desenhar é explorada desde criança, mas Bianca lançou suas animações artesanais há apenas dois anos. “Desde pequenininha escrevia histórias e rabiscava em caderno e mais cadernos sem pauta, com linhas, em diários”.

E com fala mansa, jeito meigo, ela emenda. “Os videocontos começaram há exatamente dois anos. Fazia um tempo que não desenhava e um dia chegando em casa de madrugada resolvi fazer um vídeo de meus desenhos. Minha viu e falou ‘por que você não coloca uma história, com você narrando?’ Que mico, mãe’ e logo depois resolvi gravar a primeira história “Madrugada de Aquarela”. Daí e diante não parei mais”.

“Queria trabalhar com histórias e não sabia como. Do primeiro vídeo pra cá as coisas mudaram muito”, conta a moça que com seis meses como videocontadora foi convidada pela marca alemã Stabilo a produzir um vídeo em homenagem aos 450 anos do Rio de Janeiro.

Inspiração

Onde encontra tanta inspiração? “Às vezes, a música ajuda a entrar de cabeça numa história, às vezes a história se desenvolve sozinha”. Na história de “O outro pequeno príncipe”, por exemplo, Bianca se inspirou em Tito, filho de seu amigo Adriano. Já em “Ela só queria ser perfeita”, a personagem bailarina foi criada a partir de uma música clássica e instrumental.

Bianca não se faz de rogada e admite que é romântica e gosta de fazer vídeos com histórias para sonhar e fazer todo mundo sorrir. Com linguagem direta, histórias curtas e ilustrações apaixonantes, ela admite que o perfil de seus seguidores na internet é bem variado e que seu projeto não tem uma embalagem única.

“Fui descobrindo possibilidades. Gosto de mostrar como as coisas são feitas, intercalando o desenho pronto e a história com o processo de como as figuras são cortadas, pintadas... o espectador se sente incluído, se sente dentro da história”, revela, emendando que seu público tem desde criancinha até senhorinha e que já recebeu mensagem de deficiente visuais que gostavam de ouvir suas histórias.

Sucesso migra da internet para a televisão aberta

O sucesso na vida da videocontadora Bianca Mól chegou à telinha da Globo. Além de divulgar seu trabalho no site Garota Desdobrável, pelo canal colorido no YouTube, ela participou da série “Origens” transmitida pela Esporte Espetacular, com sua arte em papel. Na edição do material, a rede Globo intercala imagens reais contendo a trajetória de atletas desde a infância com as figuras de papel criadas por Bianca.

O primeiro programa da série “Origens” foi com a judoca Rafaela Silva. Ao todo são seis episódios. “A história da Rafaela Silva é de arrepiar por si só. Participar disso é um sonho, gente, que eu nem sabia que podia sonhar.Eu só tenho a agradecer!”, escreveu Bianca na sua página no Facebook.

Além disso, ela também foi convocada pela Globo para participar da série olímpica na segunda temporada de “Heróis” em que um ex-atleta campeão volta ao local da sua grande conquista olímpica. Ao todo serão episódios, que devem ser exibidos antes das Olimpíadas Rio 2016.

Ela também mantém contato com seus fãs pelas redes sociais - Facebook e Instagram - e também pelo Twitter. “Todas elas (redes sociais) são importantes. É muito legal essa proximidade com o espectador por mais eu demore um tempinho ou um tempão pra responder, me sinto tão bem. Quando você faz uma coisa com muito carinho, não existe calo nos dedos nem dor na coluna”.

“Garota Desdobrável – Contos de papel” é o primeiro título de Bianca Mól. O livro foi lançado na Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro no ano passado. A moça, que cursou Comunicação Social – Rádio e TV pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –  atualmente também trabalha em uma produtora.

“Agora sou escritora e videomaker. Comecei com um câmera e um tripé chinês. Comecei a me entender com ele (tripé) e, como sou observadora, e sempre fui ligada em direção de arte e fotografia, estou aprendendo”, afirmou Bianca que é autodidata e conta “com uma mãozinha psicológica extra de minha mãe Miriam e com a ajuda de  meu noivo Lucca para  escolher as cores; ele aparece às vezes nos créditos como figurinista desdobrável”.

Quem quiser conhecer um pouco mais sobre o trabalho de Bianca Mól clique aqui.

Acompanhe o vídeo com a artista:

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