(Camila Buzelin/Divulgação)
Levar a arte para o rádio, transformando o estúdio num grande laboratório de experimentação. Essa é a ideia que norteou a criação do projeto Tropofonia, nascido em Rosário, na Argentina. Rede latino-americana de programas radiofônicos, a iniciativa chegou a Belo Horizonte há dez anos, capitaneada pelos poetas e performers mineiros Francesco Napoli e Djami Sezostre.
A atração, que vai ao ar às segundas-feiras, pela Rádio UFMG Educativa (104,5), celebra sua primeira década com uma gravação especial, que acontece nesta terça-feira (20), no Idea Casa de Cultura (Rua Bernardo Guimarães, 1.200, Funcionários). Na ocasião, Napoli e Sezostre contarão com a presença de artistas que fizeram a história do programa, como os músicos Jorge Dissonância e Black Pio, os poetas Marcelo Baiotto e Roberto Raquino, a jornalista Brenda Marques, o ensaísta e professor de literatura da UFMG, Gustavo Silveira Ribeiro.
Francesco Napoli conta que a edição celebratória funcionará como um programa “ao vivo”. “Ele não será transmitido ao vivo, mas gravado desse jeito, com convidados e plateia, como num programa de auditório”, afirma, lembrando que o programa será o primeiro da nova temporada, que traz novidades. “Vamos abrir um polo do Tropofonia em São Paulo, onde Sezostre mora atualmente, provavelmente vinculado à USP”, revela.
O artista conta que – diferente dos outros polos do projeto em Rosário (Argentina) La Paloma (Uruguai) e Cochabamba (Bolívia), focados nas artes cênicas – o Tropofonia em BH sempre foi voltado para a poesia sonora. “Por conta do nosso forte envolvimento com a poesia e a música, o programa foi seguindo essa linha de investigar as possibilidades de uso da palavra pela poesia sonora. Mas sempre ousamos em trazer o texto para outras linguagens, recebendo artistas de toda ordem”, afirma, citando convidados como os poetas Ferreira Gullar e Fabrício Carpinejar, e os músicos Pedro Morais, Tavinho Moura e Tadeu Franco.
Para Napoli, o Tropofonia firmou-se como um espaço único na capital mineira voltado para esse tipo de abordagem artística. “É o único lugar onde isso acontece com liberdade total e estreita relação com a UFMG”, afirma, lembrando que professoras como Vera Casagrande são frequentadores assíduos. “O programa consegue estar na academia e tratar assuntos de modo aprofundado, ao mesmo tempo em que é popular, chega nas pessoas e dialoga com o universo pop”, finaliza.