Projeto "Cartas para BH" resgata história da capital mineira

Elemara Duarte - Hoje em Dia
18/07/2014 às 09:15.
Atualizado em 18/11/2021 às 03:25
 (Reprodução Clarice Fonseca)

(Reprodução Clarice Fonseca)

A pesquisadora e artista Clarice Fonseca apresenta nesta sexta-feira (18) parte dos resultados de uma pesquisa que, durante três anos, a fez debruçar sobre baús de cartas de 15 famílias mineiras – quatro delas colaborando com a maior parte do acervo. “Cartas para BH”, o nome do projeto, integra a programação do “Noturno nos Museus” – nesta sexta, mais de 30 equipamentos da capital mineira ficarão abertos até mais tarde com vasta programação (confira a grade de programação).   No caso de Clarice, trata-se de um jeito diferente de conhecer um aspecto não menos inusitado da mineiridade: como era a relação das cidades do interior com a capital?   “São mais de cem anos de cartas”, calcula Clarice. Na apresentação desta sexta, ela abordará cartas e histórias dos anos 1920 a 50. Em agosto, ainda sem data definida, a pesquisadora amplia o assunto com registros que vão de 1740 até os dias atuais.   A ideia e a pesquisa foram iniciadas quando Clarice começou a organizar o acervo da própria família, que viveu em Jaboticatubas. “Dos dez filhos, quatro eram homens. Eles estudaram no Ginásio Afonso Arinos. As cartas eram o único contato que os pais tinham com os filhos e sempre por portador”, diz.   E quem fazia esse papel de “e-mail humano”? Um peão, identificado por João Ribeiro. “Era contratado para levar as cartas para irmãos de fazendas ao lado e para BH. Ia a cavalo até a jardineira e, dali, até Belo Horizonte”, comenta, sobre o ofício do peão. Lembrando que os Correios ainda não tinham linhas postais para todos os cantos na época.   Ainda no acervo, cartas firmaram grandes negócios. Já as cartas de amor firmaram relacionamentos – e também desprezos (veja ao lado). Porém, tudo sempre muito solene e com belas caligrafias.   “Hoje, às vezes, as pessoas usam a informação de uma maneira descartável e até irresponsável. Compete-se pela quantidade de informação, mas não a assimilam”, compara Clarice. A pesquisadora fará um livro sobre o levantamento, a ser publicado em 2015. Ou até que pare de chegar a ela tantas outras peças do quebra-cabeça da história do coração urbano de Minas.   “Cartas Para BH” Nesta sexta-feira, às 16h30, no Museu Histórico Abílio Barreto (av. Prudente de Morais, 202). Entrada franca.     “Zápi zápi” pela Nau   Em 1500, a carta de Pero Vaz de Caminha anunciou ao rei de Portugal o descobrimento do Brasil, mas junto dela, a nau de Gaspar de Lemos levava outra correspondência importante: a de Mestre João Faras, que escreveu o primeiro documento científico sobre as terras tropicais. Eis as primeiras ligações postais do país. 

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